São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997
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Ministério e CNT divergem em medições

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao avaliar as condições das rodovias federais, o Ministério dos Transportes e a CNT (Confederação Nacional do Transporte) chegaram a conclusões completamente divergentes.
Para o ministério, somente 23,7% das estradas federais pavimentadas estão em mau ou péssimo estado de conservação. De acordo com a CNT, esse número chega a 93,3%.
Padilha diz que a diferença nos números se deve ao fato de o ministério e a CNT usarem critérios diferentes. "A metodologia que utilizamos é reconhecida pelo Banco Mundial", disse o ministro.
Para o ministério, os critérios da CNT são muito rigorosos.
O Brasil possui 51.369,9 km de rodovias federais pavimentadas e 14.046,3 km não asfaltados.
Os dados da pesquisa do ministério se referem a toda a malha rodoviária federal pavimentada, com exceção dos trechos sob concessão e urbanos. A análise feita pela CNT foi baseada em 75% da malha (38.766 km).
A região Nordeste, segundo o ministério, é a que apresenta as mais extensas malhas rodoviárias nas condições excelente (2.700 km) e péssima (1.202 km).
Também de acordo com o governo, o Sudeste é a região que apresenta a maior porcentagem de rodovias pavimentadas em condições satisfatórias (73,1%).
A CNT calcula que sejam necessários R$ 5,7 bilhões (quase duas vezes o valor obtido com a venda da Vale do Rio Doce) para recuperar as estradas brasileiras.
Somente para reconstruir trechos considerados péssimos, restaurar os ruins e conservar o que ainda está em bom estado, seriam gastos R$ 4,8 bilhões. A sinalização consumiria R$ 48 milhões.
Outro lado
O ministro Eliseu Padilha (Transportes) afirmou que a "Operação Tapa-Buracos" só irá terminar no dia 30 de novembro e que até lá será cumprida a meta de restaurar 28.418 km de rodovias.
Diz que não se deve contar o prazo de 120 dias dado por Fernando Henrique Cardoso a partir do dia do pronunciamento (16 de junho).
Padilha afirma que, depois daquela data, o ministério levou mais um mês e meio para concluir as licitações. Assim, o Ministério dos Transportes considera que a operação começou no dia 1º de agosto, com obras em rodovias do Piauí.
"Fizemos pouco mais da metade do prometido em 64 dias de programa. Portanto, temos mais 56 dias para concluir a outra metade. Vamos atingir a meta", afirmou o ministro à Folha.
Segundo Padilha, o programa não previa obras em estradas consideradas em mau ou péssimo estado de conservação. Essa fase, de acordo com o ministério, estará concluída até o ano 2001.

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