São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997
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MEC prevê criação de política para área

MARILENE FELINTO
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

A situação desesperadora do livro de literatura na escola parece despertar preocupação no próprio presidente Fernando Henrique Cardoso.
Este ano, por idéia de Fernando Henrique, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) nomeou uma comissão de notáveis para escolher uma lista de livros para o acervo das escolas públicas.
A comissão foi formada pelos professores Alfredo Bosi, Cândido Mendes e Eduardo Portella; pelo sociólogo Hélio Jaguaribe, pelo filósofo Sérgio Paulo Rouanet e pela escritora Lygia Fagundes Telles.
A partir do início do ano letivo de 98, as escolas públicas com mais de 250 alunos vão receber kits com 300 obras de literatura. Foi a maior compra de livros de literatura já efetuada pelo MEC.
"Esse é o primeiro passo para que se crie uma política para o livro de literatura na escola, já que hoje a nossa principal preocupação tem sido o livro didático", disse à Folha José Antônio Carletti, presidente do FNDE (Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação).
No âmbito do Estado de São Paulo, a Secretaria da Educação diz estar realizando desde 1984 trabalho de recuperação da biblioteca escolar.
"Nossa primeira postura foi a de criar um catálogo com todos os títulos de paradidáticos existentes no mercado", explica Maria Aparecida Magnani, da gerência de educação e leitura da FDE (Fundação para o desenvolvimento da Educação).
Segundo Magnani, o objetivo era estabelecer alguns critérios de orientação para o professor escolher o livro. "Mas percebemos que havia uma lacuna na formação do próprio professor como leitor."
No âmbito do município de São Paulo, a política de leitura de literatura na escola está centrada no programa das salas de leitura. São bibliotecas administradas por um professor-orientador, que os alunos frequentam uma vez por semana, durante 45 minutos.
"O papel do professor de sala de leitura é fazer a propaganda do livro e despertar o prazer pela leitura. Mas também se tenta inserir nesse espaço atividades como dança, música, dramatização e artes plásticas, como modos de suporte para a leitura e a expressão", afirma Kátia Gonzalez, coordenadora pedagógica do DOT (Diretoria de Orientação Técnica) da Secretaria Municipal da Educação.
Segundo ela, o problema da falta de professores em algumas escolas é uma "questão crônica do ensino público, especialmente por conta dos salários pouco atraentes".
No caso da portaria que dá preferência aos professores com magistério para a função de orientadores de sala de leitura, ela disse que "já foi feito um pedido de revisão dessa portaria".
(MF)

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