| São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997 |
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Quando as mulheres gritam goooooooool!
XICO SÁ Nada como uma mulher narrando um gol. É melhor que uma mãe embalando o filho na rede com onomatopéias de ninar. Melhor ainda que Brigite Bardot sibilando "Je T'aime Moi Non Plus" em dueto com Serge Gainsbourg...A mulher diante de um gol supera até as narrativas de Miou Miou, olhos e voz de aluguel no filme "Uma leitora bem particular". (Já pensou que delícia: pagar a uma mulher para ir até a sua casa ler meia dúzia de contos de Tchecov ou Maupassant e depois ir embora...). Por essas e outras comparações, fazemos a louvação do quadro "Golaço", promovido pela TV Bandeirantes para dar interpretação sexy e feminina ao mais masculino de todos os momentos da humanidade -o gol. As moças ainda não conseguiram traduzir com o veneno certo as jogadas, mas evoluem a cada domingo. A promoção ainda vai longe, com eliminatórias até o final do ano. A emissora planeja aproveitar a melhor no seu elenco. Ao gargarejo, moças! Outro dia, uma moreninha chamada Vivian Carla narrou um gol do Brasil contra a seleção da Venezuela que foi um, como se diz, um desmantelo, a versão bola na rede de "Gritos e Sussurros". E olhe que gol de seleção brasileira costuma ser meio insosso, sem graça, não vale, para um homem que é homem, meio gol daquela Ponte Preta do seu coração. (Seleção brasileira é futebol para nossas mães, donas de casas, irmãs mais velhas que adoram fazer batida "leite-de-onça" para alegrar os jogos da Copa do Mundo). Mesmo assim, a moça caprichou na narrativa, fazendo jus à vinheta apimentada, calorosa, com jeito de amor pelo método Tantra, que abre o desfile de moças pelo microfone da Band. Estamos, finalmente, diante de um fenômeno que mistura duas das nossas maiores obsessões: o gol e as mulheres. É, como diz o meu amigo Pereira, a reinvenção daquilo que aprendemos chamar respeitosamente de sexo oral. e-mail: xico@uol.com.br ONDE ENCONTRAR "Golaço", quadro do programa "Apito Final", domingo, 20h30, na Rede Bandeirantes Texto Anterior: De vento em pipas Próximo Texto: Os héteros também podem Índice |
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