São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997 |
Texto Anterior |
Índice
Conto de fadas
MARCELO MANSFIELD
Entra em cena a segunda madrinha, Itália Fausta, que lhe diz teatralmente, depois de saber que a garota queria mudar o nome para Marcia: "Merda per merda, marcia reale!" (merda por merda, a marcha do rei). Pronto. Junto ao "palavrão da sorte" de todos os atores, surgia um novo nome: Marcia Real. Menos de um ano depois, já havia participado de todo o repertório da companhia e estreado no cinema, como a noiva do "anjo" de José Lewgoy, em "Carnaval no Fogo", de Watson Macedo, considerada a chanchada-modelo de todas as outras na próxima década. Quando Bibi Ferreira entrou na onda do teatro de revista, Marcia Real se mudou para a recém-inaugurada TV Paulista, fazendo, entre outros papéis, Aurélia Camargo, de "Senhora" -texto que já havia feito no teatro, mas não como a protagonista. Foi Airton Rodrigues quem a levou para a Tupi, em 1952. Pra variar, as coisas para ela eram no ato: conversou com Cassiano Gabus Mendes na segunda-feira e estreou na quarta, apresentando Gregório Barrios... de improviso. Pelos próximos 12 anos, esteve à frente do "Clube dos Artistas", ao lado de Homero Silva, e no "Melhores da Semana", com Heitor de Andrade. Mas não só isso. Depois de guardar na bolsa sua carteirinha de sócia do "clube", ainda achou tempo de fazer "Anna Karenina" e ensaiar o "TV de Comédia", "TV de Vanguarda" e "Grande Teatro Tupi". Cinderela também tem seu dia de "rainha má". No caso, o dela foi em "Falcão Negro". E tudo ao vivo. Nesses 48 anos, Marcia Real só parou duas vezes, quando teve suas filhas. Dez dias antes de nascer sua Marcia Regina, ela ainda apresentava o "Clube dos Artistas". Alguns anos depois, em plena produção de "Redenção", nasceu Karina. Algumas caixas de bombons depois, o diretor e o galã Francisco Cuoco estavam no hospital acertando a volta da atriz ao set. Cinderela não pode ficar sem trabalhar depois das 12 badaladas. O nome já diz: Marcia Real é da "realeza" da TV brasileira. Quer confirmar? Assista a "Canoa do Bagre" ou espere em breve por Augusta Monteiro em "O Direito de Nascer". Ela não pára. E quem disse que Cinderela não existe? Texto Anterior: Ohana vive viciada em campanha Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |