São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 1997 |
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Coquetel falha em 50% do HIV tratado JAIRO BOUER JAIRO BOUER; LUCIA MARTINS
O coquetel anti-Aids está falhando em 50% dos pacientes que já tinham tomado algum tipo de droga contra o vírus HIV. Com essa afirmação, o médico italiano Giuseppe Pantaleo, que abriu um dos simpósios mais concorridos de ontem na 6ª Conferência Européia de Tratamento da Infecção por HIV, alertou sobre a necessidade de se desenvolver mais estudos sobre a resistência do vírus e pesquisar esquemas mais potentes de tratamento. Por outro lado, Pantaleo disse que nos pacientes "virgens" de tratamento o coquetel alcança até 90% de sucesso. "No entanto, mesmo nesses pacientes não se sabe se os efeitos dos remédios vão se manter a longo prazo. Com o tempo, os vírus podem ficar resistentes também a essas drogas", afirmou Marinella Della Negra, infectologista do Hospital Emílio Ribas. As principais causas da falha do coquetel são emprego anterior de remédios menos potentes (que levaram à resistência do vírus) e uso inadequado das drogas. Muitos doentes não tomam os remédios na hora certa, na quantidade correta (muitas vezes, cerca de 20 comprimidos ao dia) e têm problemas com efeitos colaterais. Marinella diz que é muito difícil saber nesse momento as causas precisas da "falha" no tratamento. Além de resistência e do uso incorreto, dependendo das cepas (tipos) de vírus que as medicações anteriores "selecionaram", a autodestruição das células (apoptose) é muito intensa. Hoje, os pesquisadores ainda não sabem se a diminuição das células de defesa acontece pelo ataque direto do vírus ou pela autodestruição das células (indiretamente induzida pelo vírus). Resistência e problemas no tratamento estão entre os temas mais importantes do congresso. Ontem, uma das palestras foi específica sobre essas questões. O inglês Brendan Larder apresentou os novos avanços para analisar a resistência do HIV às drogas. "Saber como é o processo de evolução da resistência é essencial para prevenir a multiplicação do HIV", disse o médico da Universidade de Cambridge. Jairo Bouer e Lucia Martins viajaram a convite dos laboratórios Abbott e Roche Texto Anterior: Três paulistas e um carioca fazem enredo da Mangueira Próximo Texto: Nova mistura tem 4 drogas Índice |
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