São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 1997
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Empresas têm 11 na comissão

ROGÉRIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

A comissão que investiga o acidente com o Fokker-100 tem 38 integrantes, 11 (29%) vindos das empresas envolvidas.
A empresa com maior participação é a TAM, com seis pessoas: três engenheiros aeronáuticos, dois psicólogos e uma pessoa da manutenção.
A Fokker mandou um representante e dois assessores -figuras previstas nos tratados internacionais. A inglesa Rolls-Royce, que fabricou a turbina, teve um representante e um assessor.
O Sindicato Nacional dos Aeronautas participou com uma pessoa e a associação das famílias das vítimas, com nenhuma.
A investigação do 402 é cercada de sigilo. A Aeronáutica se nega a divulgar os nomes dos integrantes da comissão, conhecidos pelas empresas envolvidas. Chegou a fazer isso após pedido de um juiz.
Um engenheiro do CTA que faz parte do grupo tirou seu telefone do catálogo. Quem liga para sua casa é atendido por uma secretária eletrônica que dá o sinal para os recados sem tocar nenhuma voz gravada.
Os representantes das empresas são chamados como observadores e informantes, mas tentaram dirigir os trabalhos.
"Sempre acontece. Eles tentam fazer nossa cabeça", diz um oficial da Aeronáutica.
Com frequência, coube aos técnicos brasileiros contradizê-los. No início da investigação, um engenheiro da Fokker tentava provar que, pelo projeto, o sistema de relés do reverso tinha longa vida útil garantida.
"Um engenheiro do CTA mostrou para ele que, em determinada situação, o sistema simularia aberturas e fechamentos e a vida longa acabaria em umas poucas horas em terra", informa outro oficial.
Um integrante da comissão e um policial dizem que a TAM dificultou o acesso a informações. Como exemplo, citam o sumiço de uma folha do relatório de bordo sobre as condições do avião antes do último vôo.
O usual seria destacá-la em Congonhas, mas a empresa alegaria que queimou junto com o avião.
(RSc)

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