São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 1997
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Cemig está entre as preferidas do setor

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o setor elétrico está na ordem do dia dos analistas de investimentos, as ações da Cemig, companhia energética mineira, é hoje uma das preferidas.
"Cemig é hoje nossa melhor recomendação de compra no setor", afirma o analista do setor elétrico do Banco Bozano Simonsen, Sérvulo Lima.
Fazem coro com Lima na recomendação de compra os analistas Maurício Felício, da Corretora Síntese, e André Segadilha, do Banco FonteCindam.
Felício e Segadilha passaram a recomendar Cemig recentemente, Sérvulo Lima já aposta no papel desde o ano passado.
"No relatório anterior eu dava prioridade para Cesp", diz Felício. E ele não errou. Cesp PN foi um dos papéis de elétricas que mais subiram este ano. Até a última sexta-feira acumulava valorização de 137%.
"Eu tinha uma recomendação de 'neutral' (manter) para Cemig, mas mudei para 'buy"em função da pareceria estratégica que a empresa fechou", diz o analista André Segadilha.
A tal "parceria estratégica" da Cemig aparece em destaque em todos os relatórios de análise.
Acontece que, no final de maio, o governo mineiro vendeu 33% do capital votante da companhia para um sócio privado.
O comprador foi o consórcio formado pelas norte-americanas Southern Electric e AES e pelo Banco Opportunity.
As expectativas para o futuro da companhia em função disso são muito positivas, embora o governo mineiro não tenha demonstrado ainda vontade de privatizar a Cemig, como outros Estados.
Entre as vantagens que a parceria trará para a Cemig, dizem os analistas, está o acesso facilitado ao mercado de capitais internacional, o que garante uma fonte de recursos mais barata para aplicar em novos negócios.
Aliás, André Segadilha aposta que este será outro benefício da parceria. "A Southern tem muito conhecimento na área de energia termelétrica e esse será um dos setores que receberão os primeiros investimentos daqui para frente devido ao seu tempo mais curto de maturação e retorno do investimento", diz o analista.
As vantagens da parceria privada -primeira entre as elétricas do país- já começaram a aparecer. Em função da entrada dos novos sócios, a Cemig conseguiu renovar seu contrato de concessão com o governo mineiro com uma cláusula que só têm sido obtida por empresas já privatizadas ou em vias de ser vendidas.
Por essa cláusula, elevações de custos da companhia poderão ser repassadas para a tarifa, o que garante a manutenção da sua margem.
Os resultados da Cemig, embora não sejam ruins, têm muito a melhorar, segundos os analistas. "Os custos da empresa continuam elevados", diz Lima, do Bozano.
Segundo ele, os gastos com pessoal representam 25% da receita líquida da empresa.
Embora há um ano o percentual fosse maior, de 27%, está ainda bem acima dos 14% da Light e da Escelsa e dos 9% da Cerj.
Mas a empresa tem demonstrado boa capacidade de redução de custos. "Não imaginávamos um potencial tão grande de corte de custos. Essa é uma das razões que nos levou a recomendar a compra da ação", diz Maurício Felício.
A Cemig acaba de anunciar um programa de demissões incentivadas, com a meta de cortar 2 mil dos dos 14,6 mil funcionários.
"Antes eu estimava que o preço justo para Cemig PN estava entre R$ 55 e R$ 60 por lote de mil, agora elevei essa projeção para R$ 79,20", diz Felício. Na sexta-feira, Cemig PN fechou a R$ 59,80.
O Bozano trabalha com um preço justo semelhante: US$ 75 o lote de mil. "Com isso, estimamos que o potencial de alta do papel seja de 38% agora", diz Sérvulo Lima.
A análise do FonteCindam é mais conservadora e fala em potencial de valorização de 15%.

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