São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lusa, com a bola rolando, nivela-se aos outros

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Só deu Palmeiras, mas não deu. Porque foi um desses domínios que se percebe estéril desde o início. Sem profundidade, sem agudeza, sem convicção. Mas, menos que a inútil demonstração de superioridade do Palmeiras, o que surpreendeu foi a fragilidade da Lusa, time que ostenta um lugar de honra na tabela, mas, com a bola correndo, nivelou-se a tantos outros que aí estão apenas fazendo figura.
Um desperdício de tempo.
*
Bendita liminar que recolocou a TVA no campo do Brasileirão. Pelo menos, nós, telespectadores, voltamos a ter o direito de assistir aos clássicos que a Sportv nos escamoteava.
*
Tudo bem. A defesa estava desfalcada, o meio-campo remendado, mas nada justifica a apatia com que o o Corinthians se submeteu ao Paraná, no Canindé, sábado. Foi uma das mais deprimentes exibições do Corinthians dos últimos tempos.
É como se o campeão paulista, no caminho do Brasileirão, tivesse perdido a alma. Tem lá um corpo saudável, alguns craques de técnica admirável, um treinador vencedor, mas não tem alma. Ou, pelo menos, alguém que a expresse claramente no campo.
Como, por exemplo, Zé Elias. Como, por exemplo, Marcelinho.
*
Muller e Edmundo. Eis a fórmula do sucesso da qual Zagallo não conseguirá escapar, se quiser ter dois substitutos à altura da dupla Ro-Ro.
Sei bem que um dos Ros já é dose amarga para ser ingerida pelo velho treinador, que relutou em tê-lo no time de Parreira até que a sombra da desclassificação rondasse Teresópolis, em 93. Então, Zagallo sucumbiu ao óbvio e Romário não só garantiu a vaga para a Copa como nos trouxe o cálice sagrado envolto em gols decisivos.
Calcule engolir, agora, dois outros imensos problemas, que, na verdade, são a solução. Muller, por exemplo, em plena Copa de 94, anunciou sua despedida da seleção. É um tipo complicado, fora do campo, mas, dentro das quatro linhas, reduziu o futebol à sua mais pura essência: um jogo de corpo, um chute reto, o passe imprevisto, mínimo, indispensável, como foi contra o Guarani. E Edmundo, bem, Edmundo é o que é: tão imprevisível para o adversário como para os companheiros. Tanto pode arrasar o adversário, com a bola nos pés, como fez sábado, ao marcar três gols na vitória do Vasco sobre o Coritiba, quanto cavar uma expulsão decisiva em plena disputa do título mundial, com a cabeça nas mãos. Mas, que diabo! Futebol, afinal, é um jogo.
Com jeitinho e boa charla, um técnico esperto e com a quilometragem de Zagallo saberá juntar esses três problemas para achar a grande solução.
*
Foi 1 a 0 para o Fla como poderia ter sido o inverso, pois o São Paulo teve no Maracanã uma performance digna de suas tradições.
Pena, para os tricolores, que os reforços -Zé Carlos (ótimo lateral-direito), Silas e Márcio Santos- tenham chegado tão tarde.

Texto Anterior: Jejum e contas não incomodam Edinho
Próximo Texto: Tempo no ataque não dá vitória para o Palmeiras
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.