São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 1997 |
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Lisa Stansfield volta mais ousada
ELAINE GUERINI
Em sua segunda visita ao Brasil, a cantora "branca de voz negra" afirma ter atingido a maturidade na vida profissional e pessoal. "Não sou mais aquela garota insegura que se apresentou no Rock in Rio (em 1991)", disse em entrevista exclusiva à Folha, concedida no hotel Caesar Park, em Ipanema. Vestindo um terno preto -apesar da temperatura acima dos 30 graus- e bebendo cerveja, Stansfield contou que passou os últimos três anos dedicando-se exclusivamente a "Lisa Stansfield", seu quarto e mais recente álbum (lançado em março pela BMG). O trabalho levou mais tempo que o esperado para compensar a fria recepção de "So Natural" (1993), o terceiro CD de sua carreira. "Tenho orgulho do disco, mas reconheço que o público não recebeu bem as variações que fizemos na época. Deve ter sido esse o motivo que me manteve afastada do estúdio por quatro anos." "Lisa Stansfield", que a cantora promove atualmente em turnê pela América do Sul -incluindo shows em São Paulo e Rio na semana que vem- marca sua volta ao estilo que a consagrou no universo pop e do rhythm & blues. Stansfield entrou primeiramente para as paradas de sucesso com "This Is the Right Time" e "All around the World", hits que estão em seu álbum de estréia, "Affection" (1989). Depois, em 1991, veio "Real Love", com destaque para as faixas "Changes" e "Time to Make You Mine". "Sempre busquei inspiração na black music das décadas de 60 e 70", lembrou a cantora, que já bateu a marca dos 10 milhões de discos vendidos. "Não quero decepcionar ninguém nessa turnê. Mesclo canções antigas com músicas do novo trabalho." Recorrendo a baladas e balanços cadenciados, seu novo disco explora as orquestrações, os metais, as cordas e sua voz sensual. As letras continuam românticas. "Tínhamos material suficiente para três discos. Nós nunca escrevemos tantas letras para um único álbum", disse a cantora, referindo-se a Ian Devaney, seu marido, parceiro musical e produtor de seus discos. "Procuramos fazer com que as letras cubram diferentes áreas do universo amoroso para que o maior número de pessoas possível se identifique. Nós nos preocupamos demais com o que a letra possa despertar." Com base nessa preocupação, Stansfield aceitou tirar a roupa no clipe da faixa "Never, Never Gonna Give You Up". O que também poderia ser explicado como uma simples jogada de marketing para marcar a volta da cantora em um estilo mais ousado. "A nudez foi idéia do diretor Rock Chank. Tinha algumas idéias, mas todas elas envolviam roupas", disse, rindo. "Mas percebi que seria a melhor maneira de representar a letra da música. O que essa mulher diz na verdade é que ela não se importa com mais nada na vida. Só pensa em estar com o homem que ama." Nesse clipe, Stansfield começa na banheira e depois sai sem roupa pela rua sem se importar com o olhar dos curiosos. A nudez, no entanto, é discreta, explorando os detalhes. Mostra pés, costas, ombros, barriga e pernas, passando longe das partes mais íntimas. "No começo, fiquei morrendo de vergonha das pessoas que estavam me olhando, mas bloqueei minha mente e não vi mais ninguém." Stansfield contou que a gravação foi feita em uma chuvosa sexta-feira, um dos dias de maior movimento em Portobello. "Foi um grande desafio. Assim como cantar para um público de 150 mil pessoas como eu fiz no Rock in Rio há seis anos. Você nunca se sente preparada para determinadas coisas, mas tem de enfrentar. A satisfação com o resultado compensa o nervosismo." Show: Lisa Stansfield Onde: Olympia (r. Clélia, 1.517, tel. 011/252-6255, São Paulo) Quando: 21/10, às 22h; 24 e 25/10, às 22h30 Quanto: de R$ 60 a R$ 100 Onde: Metropolitan (av. Ayrton Senna, 3.000, tel. 021/283-3773, Rio) Quando: 22/10, às 21h30 Quanto: de R$ 35 a R$ 80 Próximo Texto: Cantora ainda é chique Índice |
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