São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 1997
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San Francisco expõe obra de brasileiro

ADRIANE GRAU
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM SAN FRANCISCO

No burburinho das escadas e galerias do Museu de Arte Moderna de San Francisco, há a cada dia mais vozes falando português.
A partir desta semana, além de se divertir com as gravuras de Paul Klee e tentar decifrar a instalação futurista de Nam June Paik, os turistas brasileiros vão deparar pela primeira vez com o nome de um artista contemporâneo que veio da mesma terra que eles.
Iran do Espírito Santo, diferentemente do que indica o nome, deixou São Paulo há três semanas para ser o primeiro artista brasileiro a ter obra exposta no famoso prédio criado por Mario Botta que abriu as portas em 1995.
A mostra "Nove Artistas nos Anos 90" foi organizada pelo curador-geral do SFMOMA, Gary Garrels, e fica em cartaz até 6 de janeiro de 1998.
Entre os escolhidos, oito artistas estão vivos e em fases iniciais de carreira. A idéia da exposição é examinar novas tendências.
Fazem parte da mostra a canadense Janet Cardiff, o mexicano Gabriel Orozco, os norte-americanos Jim Hodges, Jennifer Pastor, Kathryn Spence e Steve Wolfe, além do já morto cubano Felix Gonzalez-Torres e do brasileiro Iran do Espírito Santo.
Garrels determinou a necessidade de ter um artista brasileiro contemporâneo no museu após uma visita de dez dias divididos entre São Paulo e Rio no ano passado.
"A arte brasileira é extremamente criativa e não parou em Hélio Oiticica", diz ele. Impressionado com o que viu, ele sonha em incluir a primeira obra brasileira no acervo permanente do museu.
Visitando ateliês, Garrels conheceu o trabalho de Iran do Espírito Santo. "Sua obra é extremamente consistente e lida com questões fundamentais", diz o curador. Após dar uma olhada na instalação "Back Wall", criada pelo artista na galeria Radolph Street, em Chicago, foi feito o convite.
Brincando com a fachada de tijolos aparentes do prédio, Iran criou uma parede de falsos tijolos pintados com tinta em três tons de cinza nas entradas da galeria do quinto andar. Imensas janelas justapõem as duas paredes criando no espectador um efeito desconcertante.
O artista optou pela obra ao visitar o museu pela primeira vez em maio deste ano. "A idéia principal é sobrepor uma parede falsa sobre uma parede real", diz ele.
Para realizar o trabalho, ele contou com o auxílio de dois assistentes escolhidos pelo museu. Juntos, eles trabalharam sete horas por dia durante 18 dias.
Iran assina ainda as esculturas "Restless I", "Restless II", "Restless III" e "Abat-Jour". "O lugar da luz é ocupado por uma massa densa, que cria a angústia da falta de luz", explica.

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