São Paulo, segunda-feira, 13 de outubro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
TV enfrenta censura política nos EUA
ESTHER HAMBURGER
Desde janeiro deste ano, os programas televisivos nos Estados Unidos exibem, no início, uma classificação que indica a faixa etária à qual eles se destinam e recomenda ou não que crianças assistam junto aos seus pais. Trata-se de um código exibido por 15 segundos no canto da tela. Na última semana, esse sistema classificatório foi incrementado com a inclusão de novas categorias para indicar se o programa é violento (V), se trata de violência fantasiosa (FV), se traz linguagem vulgar (L), diálogo sugestivo (D), ou situações sexuais (S). A nova classificação foi sugerida pela Comissão Federal de Comunicações, e atende a pressões políticas do Congresso, do governo federal e de organizações que defendem os direitos das crianças. A campanha pela criação de um sistema descentralizado de censura vem em um momento em que a TV americana, bastante tarimbada na produção de programas violentos, parece se aventurar mais no terreno da sensualidade. O resultado é que alguns programas como, por exemplo, o novo seriado policial da CBS, "Brooklyn South", aparecem com toda a tela tomada pelas letrinhas brancas do novo código. A NBC resiste. A emissora não adotou o novo sistema de autocensura. A NBC alega que as novas regras representam uma interferência ilegal do governo na sua linha editorial. A comissão federal, por sua vez, ameaça as afiliadas da NBC com a não renovação de suas concessões, caso elas não insiram os códigos classificatórios. A polêmica ocorre enquanto a Comissão Federal de Comunicações formata o v-chip, aparelho que permitirá que pais bloqueiem a recepção de programas que eles considerem inadequados aos seus filhos de acordo com o sistema. A implementação do v-chip está atrasada. A recomendação aprovada em 1996 era de que, em julho de 1997, os produtores de aparelhos deveriam estar instalando o novo mecanismo em metade dos novos televisores. Por enquanto não há sinal do aparelho. Sem o v-chip, a exibição dos códigos é mais ou menos inócua. Com ele, pode ser inaugurado um inusitado sistema de censura descentralizada, capaz de exercer controle indireto inédito sobre as redes de televisão. E-mail: ehamb@uol.com.br Texto Anterior: Gilberto Gil contesta declaração à Folha Próximo Texto: Muito canal e pouco cinema Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |