São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 1997
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Virgínia Rodrigues embala o jantar com candomblé

Após Rosemary e Simone, baiana canta para presidente dos EUA

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

O Tio Sam não quer mais conhecer a nossa batucada. No jantar oferecido ontem por Fernando Henrique Cardoso ao presidente norte-americano, Bill Clinton, o cardápio musical previa pontos (espécie de hinos) do candomblé.
Esse foi prato que a cantora baiana Virgínia Rodrigues escolheu para apresentar a Clinton.
"O candomblé é a cultura negra brasileira. Mais do que o samba, que veio depois", diz Virgínia, que é filha de Ogum.
No jantar, a apresentação estava programada para depois da banda Didá, o braço feminino do Olodum. Apadrinhada por Caetano Veloso, Virgínia Rodrigues está em ascensão.
Desde que lançou seu primeiro disco, "Sol Negro", em maio, ela vendeu 25 mil cópias. Não chega a ser um campeão de vendas (é preciso 100 mil para ganhar um disco de ouro), mas, em compensação, Virgínia conta com fãs e padrinhos ilustres da voz de mezzo soprana dedicada a um repertório popular.
O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, entrou nos camarins para cumprimentá-la após um show em São Paulo.
E, reza a lenda, o senador Antonio Carlos Magalhães nunca fez tanto jus ao apelido de "Toninho Ternura" -como ele próprio se definiu, certa vez-, do que quando assistiu Virgínia.
"Ele chorou muito quando cantei o 'Hino do Senhor do Bonfim'. Depois, ele me abraçou, chorando", diz a cantora.
Mas não foi nenhum dos dois pesos pesados do Planalto quem escolheu Virgínia para o show em homenagem a Clinton. A produção da cantora foi informada de que a indicação foi da primeira-dama Ruth Cardoso.
Virgínia não parece se importar com isso. Nem com a polêmica envolvendo as exigências feitas pela segurança de Clinton ao governo brasileiro. "Não presto muita atenção às coisas políticas", diz ela, que, com o convite, passou a ter algo em comum com as cantoras Rosemary e Simone.
Na Casa Branca, Jimmy Carter (1976-1980) ouviu Rosemary cantar "Feelings", de Morris Albert. Carter e sua mulher, Rosalynn, devem ter gostado. Pois, em 80, no Rio, quando Carter já havia deixado a Presidência, Rosemary deu bis.
Em junho de 92, durante a Eco-92, atendendo a convite do então presidente Fernando Collor, Simone fez para George Bush o que Marilyn Monroe fez para John Kennedy em sua festa de aniversário 30 anos antes. Cantou "Parabéns para Você".

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