São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 1997
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Dois PMs vão a júri por morte de 3

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O 1º Tribunal do Júri de São Paulo, na Vila Mariana (zona sudoeste), julga amanhã dois dos quatro PMs da Rota acusados de participação em uma chacina na zona leste da cidade.
Hellmans Hoffman de Oliveira, o Robocop, e Celso Luiz de Paula serão julgados pela morte, em 2 de janeiro de 96, de Sérgio Lopes Ferreira, 21, Nilton Alberto de Souza, 37, e Érica Cristina Nunes, 19.
Os outros dois policiais, Wellington Gonçalves Torquato e José Walter Benevides Moura, embora sejam apontados como co-autores da chacina, não serão julgados amanhã porque seus advogados entraram com recurso no Tribunal de Justiça contra a decisão de pronúncia dos réus.
Os quatro policias da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), tropa de elite da PM, são acusados de fazer parte de um grupo de extermínio identificado e preso em maio deste ano. Outros dois PMs também fariam parte do grupo.
A quadrilha é acusada de participação em três chacinas e dois roubos a bancos, de dezembro de 1995 a março de 1996. Amanhã começará o julgamento do primeiro caso.
Nas três chacinas atribuídas à quadrilha, 13 pessoas morreram.
O grupo agia sempre de forma semelhante: usava um Opala preto e assassinava todas as pessoas que presenciavam a matança.
No caso que será julgado amanhã, por exemplo, os PMs, segundo o promotor Fernando Pires Galvão, foram à casa de Dirceu Luiz da Silva, na Vila Progresso (zona leste), "pessoa conhecida naquele bairro como traficante", para exigir do morador dinheiro, para que não fosse preso.
No dia 2 de janeiro, o grupo da Rota teria se dirigido à casa de Dirceu. Como não o encontrou, decidiu matar as pessoas presentes.
O reconhecimento do grupo foi possível a partir do depoimento, em maio deste ano, de Damião Oliveira Santos, que manteve contato com o bando e que chegou a ser convidado a participar de um assalto a banco.
Como se recusou, levou cinco tiros, mas sobreviveu.
A testemunha contou ao ouvidor da Polícia de São Paulo, Benedito Domingos Mariano, como foi convidada a participar de um roubo a uma agência da Nossa Caixa Nosso Banco, em 15 de fevereiro, e identificou, por meio de fotos, os policiais. Os quatro PMs alegaram inocência nos depoimentos ao Ministério Público.

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