São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 1997
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Prefeitura quer tombar o Carandiru

ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo quer tombar o Carandiru, maior complexo penitenciário da América Latina, localizado no bairro de mesmo nome, na zona norte.
O DPH (Departamento do Patrimônio Histórico), órgão da prefeitura, elaborou relatório recomendando a preservação do conjunto.
O Conpresp (conselho municipal responsável pela preservação do patrimônio) vai decidir nas próximas semanas se abre ou não processo de tombamento.
"Sou a favor da proteção de parte do Carandiru, como a penitenciária, projetada pelo arquiteto Ramos de Azevedo", diz José Eduardo Ramos Rodrigues, representante da OAB no conselho.
O tombamento vai de encontro aos interesses do governo do Estado, que pretende implodir o complexo, que abriga 9.520 presos.
O governador Mário Covas quer, a partir de outubro de 98, transferir os presos para 21 presídios no interior. Covas planeja vender a área do Carandiru para obter recursos para construir os presídios.
Para isso, o governo precisa que a Câmara Municipal altere o zoneamento da região. O presidente da Câmara, Nelo Rodolfo (PPB), é contrário à venda do local.
Ele diz que o Carandiru, que possui 42 mil metros quadrados de Mata Atlântica, deveria ser transformado em parque. "A área tombada poderá ser um centro cultural", afirma Rodolfo.
O secretário da Administração Penitenciária do Estado, João Benedicto de Azevedo Marques, afirma que, há um ano e meio, foi feito um acordo com os vereadores.
"Um terço do Carandiru seria transformado em parque e o resto, vendido. Mas os vereadores recuaram." Segundo ele, a desativação do complexo é do interesse do país. "Se necessário, volto à Câmara para novas conversas."
No pavilhão 9 da Casa de Detenção ocorreu no dia 2 de outubro de 1992 o massacre de 111 presos.
Hoje, a Detenção abriga 6.565 presos, mas tem capacidade para 3.250. Além da Detenção, o Carandiru abriga a Penitenciária do Estado, a Penitenciária Feminina, o Centro de Observação Criminológica e o Hospital Central.
O governo dispõe de R$ 20,9 milhões, repassados pela União, para os novos presídios. No total, as obras custarão R$ 117,2 milhões.

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