São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 1997 |
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DEPOIMENTO 2 "O mais importante é a demonstração de um conceito moderno. A veiculação de um produto musical, hoje, não pode ter apenas uma demonstração de técnica, mas um grande preparo em termos harmônicos e domínio de instrumento. A surpresa foi constatar que o Kenny Garrett trouxe um repertório ligeiramente diferente do que ele mostra nos discos. Ele conseguiu, no final, fazer com que as pessoas participassem. Ele fez um caminho bem planejado: começou com músicas enquadradas no contexto coltraniano. Eles fizeram uma versão de "Giant Steps" maravilhosa, provavelmente a mais bonita que já ouvi. Essa música, que é considerada um enorme desafio, foi tratada pela banda com naturalidade. Eles conseguiram suingar, tocando extremamente à vontade, num andamento vertiginoso, muito rápido. Assim mesmo, eles conseguiram brincar dentro dessa música e tirar dela, que é até um pouco fria na sua concepção original, uma emoção muito grande. Mesmo sendo mostrado o virtuosismo de Kenny Garrett durante o show, a atenção do público foi mantida o tempo todo. O que é muito difícil, pois é uma linguagem muito hermética, com frases harmonicamente complicadas e complexas em termos auditivos. O público esteve em contato com um grande expoente do sax alto, num ambiente jazzístico dominado pelo sax tenor. Ele foi feliz. O que não foi feliz foi a casa escolhida, porque a fumaça é insuportável, e o ambiente tem uma premissa desrespeitosa com o público e com os músicos, que é não interromper o serviço de bar durante a apresentação, ocasionando ruídos. E outros problemas, como a iluminação, que castigou o contrabaixista pelo calor..." Depoimento de José Carlos Prandini, músico, compositor e professor, concedido à Folha depois do show de Kenny Garrett, no Bourbon, em São Paulo, anteontem. Texto Anterior: DEPOIMENTO 1 Próximo Texto: De Morrissey a Radiohead, um apanhado pop Índice |
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