São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 1997
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'Tosca' marca volta de Céline Imbert a SP

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Tosca", ópera em três atos de Giacomo Puccini (1858-1924), entrará em cartaz na próxima quinta-feira, em produção (R$ 600 mil) dos Patronos do Teatro Municipal. É uma das obras mais bem-sucedidas do repertório lírico.
"Tosca" marcará a volta da soprano brasileira Céline Imbert, que desde 1992 não participava de nenhuma montagem paulista. Ela dividirá o papel de Floria Tosca, em três das seis récitas, com a norte-americana Mary Jane Johnson.
O tenor norte-americano Neil Wilson e o brasileiro Rubens Medina interpretarão Mario Cavaradossi, enquanto o barão Scarpia será cantado pelos barítonos norte-americanos Frecerick Burchinal e Gary Simpson.
A Orquestra Experimental de Repertório estará sob a regência de Jamil Maluf. Os cenários foram alugados ao Colón, de Buenos Aires, de onde também chegam Aníbal Lapiz e Matías Cambiasso, responsáveis pela direção cênica.
Puccini já era um compositor consagrado quando, em 1900, sua "Tosca" estreou em Roma. No mesmo ano, foi montada no La Scala de Milão e, no ano seguinte, no Met, de Nova York.
Foi com essa obra, no entanto, que o autor de "Manon Lescaut" (1893) e "La Bohème" (1896) se impôs por razões complementares. Passou a ser visto como o sucessor, na ópera italiana, da grandeza de Giuseppe Verdi. Mas nunca ninguém havia ousado se afastar tão nitidamente da linguagem operística verdiana.
Em Paris, Claude Débussy e Paul Dukas o execraram. Em Viena, no entanto, Arnold Schoenberg reconheceu a grande revolução lírica que naquele momento se operava.
Puccini é de um experimentalismo ousado. As árias são breves, os recitativos acompanhados de uma orquestração entremeada de temas de imperceptível fluidez.
A própria presença desses temas (leitmotive) evoca de forma particular a estética wagneriana. Mas com novas ousadias harmônicas, como a dos acordes divergentes que definem o imoral e poderoso personagem do barão Scarpia.
"Tosca" é, na história da ópera, um sucesso que contrasta com seu fracasso no teatro. A peça, escrita por Victorien Sardou, teve como primeira intérprete a antológica Sarah Bernhardt. Não ficou em cartaz mais que uma temporada.
Os libretistas Luigi Illica e Giuseppe Giacosa municiaram Puccini com uma adaptação menos centrada nos meandros políticos em que o enredo se desenrola.
É a Roma de 1800. O establishment papal redobra sua vigilância sobre os "inimigos internos", com a aproximação das tropas napoleônicas e dos ideais igualitários que a França na época exportava.
Scarpia é o chefe da polícia, que deseja de forma mórbida os favores da cantora Floria Tosca. Consegue um pretexto para prender seu amante, o pintor de afrescos Mario Cavaradossi. Scarpia propõe a Floria soltá-lo, em troca de uma noite de amor com ela.
Entra então em jogo um duplo simulacro. Tosca faz de conta que se entrega, mas assassina seu sedutor. Este, por sua vez, ganha uma bela vingança póstuma. Em lugar dos tiros de festim, que ele prometera a Tosca, é com balas de verdade que Cavaradossi é fuzilado.

Ópera: Tosca, de Giacomo Puccini
Produção: Patronos (com Dow Química, Schahin Cury e Votorantim)
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo s/n, tel. 011/222-8698, centro, São Paulo)
Quando: dias 16, 18, 21, 22 e 24 de outubro, às 20h30; dia 19, às 17h
Quanto: de R$ 5 a R$ 60

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