São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 1997 |
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" A voz está mais madura", diz texana
JOÃO BATISTA NATALI
Foi primeiro prêmio do Concurso Pavarotti. Já cantou Verdi, Wagner, Janacek, Richard Strauss e, obviamente, Puccini. Leia trechos de entrevista que ela concedeu à Folha. (JBN) * Folha - A sra. tem um repertório muito extenso. Como se adaptar às exigências de compositores que pedem coisas muito díspares? Mary Jane Johnson - É verdade que essa diversidade de compositores existe. Mas só interpreto, em cada um deles, papéis apropriados à minha voz. Em Puccini, posso cantar "La Fanciulla" e "Tosca", mas não "Butterfly". Folha - Fale um pouco do personagem que interpretará aqui. Johnson - Eu interpreto o papel de Tosca há dez anos. O esforço agora é menor, para fazer essas passagens do grave ao agudo, para me exprimir segundo uma gama variável de dramaticidade. A voz está agora mais madura. Minha respiração também passou por um longo aprendizado. Folha - Como funciona o fator emoção nesse papel? Johnson - É importante que a emoção esteja dentro da voz, e não dentro da idéia da intérprete, que poderia cometer exageros e expor a voz a muitos riscos. Puccini é talvez o mais difícil de todos os compositores, por ser sempre e invariavelmente emocional. Folha - Qual a diferença entre cantar Tosca e cantar Freia (em "O Ouro do Reno", de Wagner), que a sra. gravou com Solti em Chicago? Johnson - Em termos de esforço, Freia é um papel pequeno. Exige muito pouco. No repertório wagneriano, meu papel preferido é o de Senta, em "O Navio Fantasma". É lírico integralmente. Folha - Como a sra. vê o processo que tem levado à diminuição do repertório encenado em todo o mundo, já que as peças mais conhecidas são as únicas que dão retorno de bilheteria? Johnson - De um lado, os produtores arriscam óperas diferentes, como "O Caso Makropolus", de Janacek. Mas, de outro, há realmente uma tendência de se produzir sempre as mesmas coisas, os clássicos. Em muitos lugares, o repertório tende a diminuir. Folha - Esses clássicos são também aqueles que já foram objeto de muitas gravações. Não há uma crueldade no fato de o público comparar uma "Tosca" gravada com uma "Tosca" no palco? Johnson - As pessoas devem apreciar a individualidade e não a existência de padrões. Num CD, esses supostos padrões são obtidos em circunstâncias muito diferentes. São gravações em estúdio. Texto Anterior: 'Tosca' marca volta de Céline Imbert a SP Próximo Texto: "Dei pulos de algeria", diz brasileira Índice |
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