São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 1997
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EUA vigiam a radiação da sonda Cassini

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Departamento de Energia dos Estados Unidos afirmou que 34 equipes estavam preparadas para monitorar ontem os níveis de radiação em áreas em torno do Centro Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral (sudeste dos EUA).
Desde anteontem à noite, ambientalistas ocuparam, em protesto, diversos pontos em torno do centro, de onde deveria ter sido lançada a sonda espacial Cassini, destinada a chegar à órbita de Saturno em 2004. A sonda leva cerca de 33 kg de combustível radiativo.
Previsto inicialmente para ontem às 6h55 e remarcado para as 7h55 (horários de Brasília), o lançamento foi adiado para amanhã devido ao aumento da velocidade dos ventos e a problemas com computadores do controle da missão, segundo a Nasa (agência espacial dos EUA).
As equipes do Departamento de Energia deverão permanecer em seus postos até que o lançamento seja realizado. Segundo a agência de notícias "Reuter", fontes da Nasa afirmaram que a probabilidade de um acidente com a liberação do combustível nuclear da Cassini é de 1 em 1.400.
Essa probabilidade é 14 vezes menor que a de se ganhar, com uma só aposta, um sorteio como o das tradicionais rifas, em que são escolhidos números de zero a 99.
A agência espacial afirma também que, na hipótese de ocorrência de um acidente desse tipo, o número máximo de pessoas atingidas pela radiatividade seria de 2.300 em um período de 50 anos.
A Cassini deverá chegar a Saturno em 2004, após percorrer cerca de 3,5 bilhões de km no espaço. A missão prevê a descida do pousador Huygens em Titan, a segunda maior lua do planeta. O combustível nuclear a bordo da sonda é necessário para substituir o uso de painéis solares muito grandes para captar energia solar, segundo a Nasa (veja quadro ao lado).
A sonda deverá ser levada ao espaço amanhã às 7h43 (horário de Brasília) por um foguete Titan-4B, de 183 m de altura. A missão é a mais cara já desenvolvida para uma nave espacial não tripulada: cerca de US$ 3,4 bilhões.
O projeto envolve a participação da França, Reino Unido e outros países integrantes da Agência Espacial Européia (ESA), que construíram o pousador Huygens. A viagem prevê passagens da sonda perto dos planetas Vênus, Júpiter e também a Terra. Essas aproximações deverão ajudar a sonda a ganhar impulso pela atração gravitacional exercida por esses planetas.
Dois astrônomos de nome Cassini fizeram descobertas sobre Saturno. Gian Domenico Cassini (1625-1712), nascido em Gênova, atual Itália, descobriu a faixa escura entre os anéis A e B do planeta. Seu filho Jacques Cassini (1677-1756), nascido em Paris, na França, concluiu suas tabelas sobre os movimentos dos satélites de Saturno. O holandês Christiaan Huygens (1629-1695) descobriu a forma dos anéis de Saturno.

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