São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 1997
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PT põe seu vice-presidente sob suspeita

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos vice-presidentes do PT, Valter Pomar, está respondendo a uma comissão de ética do partido por suspeita de ter cometido irregularidades com dinheiro do partido quando dirigia a revista "Teoria e Debate"', publicação destinada à elaboração teórica da legenda.
A decisão de remeter Pomar à comissão de ética foi tomada em reunião da Executiva do PT paulista na última segunda-feira. Pomar é um dos líderes da "esquerda" do PT.
O pedido de investigação preliminar e comissão de ética foi feito por Paulo Frateschi, secretário de Organização do PT paulista e da corrente centrista "Articulação", liderada por Luiz Inácio Lula da Silva e José Dirceu.
"Existem indícios suficientes para uma investigação séria e o partido deve ter sofrido prejuízo", afirmou Frateschi.
Até agora, uma comissão de averiguação apurou uma troca de empréstimos entre a "Teoria e Debate" e a editora Scritta, de Breno Altman. Segundo o grupo que conseguiu submeter Pomar à comissão de ética do PT, os empréstimos não foram registrados na contabilidade da revista, o que é negado por Pomar.
Após tomar o depoimento de Pomar e Altman, a comissão apontou contradições nos depoimentos dos dois, que até pouco tempo mantinham relações próximas e hoje estão rompidos.
Entre as contradições apontadas estão quem fez o primeiro empréstimo e os valores dos mesmos (R$ 3.237,00, segundo Pomar, e entre R$ 6.000,00 e R$ 8.000,00, de acordo com Altman).
O detalhe mais importante na suspeita é a comparação entre o custo para a impressão da revista quando comandada por Pomar e depois de sua saída. Segundo Frateschi, a variação vai de R$ 21.972,00 nos tempos do atual vice-presidente nacional do PT a R$ 4.292,00.
Frateschi não afirmou, mas no bastidor do PT existe a suspeita que a contabilidade da "Teoria e Debate" foi usada para esconder um caixa-dois do grupo de Pomar, a "Articulação de Esquerda".
Pomar afirmou que não vai se manifestar enquanto não for comunicado por escrito da instalação da comissão de ética. "Só que fico surpreso por entender que a Executiva tem assuntos mais graves para tratar". Altman não foi localizado ontem.

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