São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 1997 |
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Suposto documento da Fiesp irrita CUT SÉRGIO LÍRIO SÉRGIO LÍRIO; CRISTIANE LUCCHESI
Um documento supostamente assinado pelo presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Carlos Eduardo Moreira Ferreira, pode azedar as negociações salariais entre empresários e sindicatos da CUT (Central Única dos Trabalhadores). No documento, divulgado ontem pela CUT, a Fiesp dá orientações para que as empresas joguem duro com os metalúrgicos do ABC e outros sindicatos cutistas durante as negociações deste ano. Uma das orientações é nunca oferecer mais de 2% de reajuste. Outra proposta é "fazer valer a decisão de cortar todas as cláusulas sociais que onerem as empresas". No final, o documento lembra a vantagem das empresas nas negociações. "Tendo em vista a fragilidade dos trabalhadores, com receio de perder seus empregos, os sindicatos não vão encontrar condições para uma possível greve. Portanto, é o momento de angariarmos sucesso nesta campanha salarial", conclui. A data do documento é 25 de setembro e dele constariam determinações de uma reunião extraordinária do conselho deliberativo da Fiesp, realizada no dia 23. A Fiesp nega a veracidade do documento e afirma que a assinatura de Moreira Ferreira foi falsificada. Segundo a assessoria de imprensa, que distribuiu ontem uma nota oficial (ver texto ao lado), a Federação irá recorrer à Justiça para encontrar os responsáveis pela falsificação do documento. Segundo a CUT, o documento foi encontrado por um metalúrgico da Ford de São Bernardo do Campo na mesa de um funcionário do setor de recursos humanos da empresa. O trabalhador teria então feito uma cópia que foi entregue ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que a publicou na edição de ontem de seu jornal "Tribuna Metalúrgica". O presidente dos metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, solicitou uma reunião com Moreira Ferreira para pedir explicações sobre o documento. Até o fechamento desta edição, a reunião ainda não havia sido confirmada. Marinho afirmou não saber se o documento é verdadeiro, mas disse que as propostas coincidem com a postura adotada pelas empresas nas negociações salariais. "Desde o ano passado, os empresários vêm insistindo em cortar cláusulas sociais do acordo coletivo e em negar reajustes. Se o documento não é real, então vamos pedir que eles retirem toda essa discussão da mesa de negociação." Colaborou Cristiane Lucchesi, do Painel S/A Texto Anterior: Entenda como Naji Nahas operava Próximo Texto: Em nota oficial, Fiesp desmente recomendações Índice |
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