São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 1997
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Queda livre

THALES DE MENEZES

Esta coluna continua falando sobre o assunto da semana passada, que é a solidão extrema do tenista na quadra e seus efeitos. Mais considerações podem revalidar a idéia de que o tênis é, acima de tudo, cabeça.
Quando a motivação do jogador chega a um ponto irrecuperável, a decadência técnica -e, às vezes, física- é inevitável. Talvez seja a principal explicação para o declínio de tantos grande jogadores em espaços curtos de tempo.
Este ano registra várias quedas vertiginosas, uma temporada na qual o topo do ranking mudou constantemente. Pelo menos, de Pete Sampras e Michael Chang para baixo.
Onde estão Thomas Muster, Thomas Enqvist, Richard Krajicek, Andre Agassi e Jim Courier? Todos despencaram do "top ten". Eles não têm, como Boris Becker, uma justificativa física para a má fase. Como, então, explicar o declínio?
A melhor aposta é o esgotamento mental do jogador. Chega o momento em que jogar tênis perde a graça, ganhar um milhão de dólares a mais não faz tanta diferença (sorte deles!), e bate uma vontade louca de recuperar a adolescência perdida entre treinos, torneios e poltronas de avião.
O fenômeno não é novo. Bjorn Borg parou de jogar com 26 anos, quando revezava com John McEnroe o topo do ranking. Sem o sueco, McEnroe ficou tão enjoado de ser o melhor que foi ter um monte de filhos, tocar guitarra e comprar obras de arte. Tênis? Ah, não...
Andre Agassi parece o exemplo mais acabado disso. E, no caso dele, "acabado" é uma palavra boa para ser usada. Rico, casado com Brooke Shields e fã de uma praia, Agassi declarou ao "Los Angeles Times" que não consegue mais treinar.
Quando se tem fama e dinheiro, bater com a raquete numa bola é uma coisa que só vai motivar quem enxerga o zen numa partida. Infelizmente, isso é para poucos.

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