São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 1997
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Brazzaville abriga 'vulcões políticos'

RICARDO BONALUME NEDTO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Brazzaville é uma cidade enganosamente calma -como é a praxe das grandes cidades africanas em uma primeira vista. É uma cidade bem arborizada, certamente com mais verde que São Paulo, com uma área central com prédios europeus e uma catedral e uma mesquita grandiosas.
Só depois de falar com seus habitantes que é possível começar a perceber os vulcões políticos que dormem por baixo dessa superfície serena. E a própria conversa é complicada.
Policiais à paisana, de ambos os sexos, são uma praga africana tão disseminada quanto a malária.
A paisagem urbana aprazível que o visitante percebe ao descer no aeroporto e se encaminhar para o centro esconde um modo africano de fazer política -por meio de grupos armados com os onipresentes fuzis russos AK-47.
Periferia O centro europeizado também esconde a periferia africana, com favelas parecidas com as brasileiras, e uma concentração de renda igualmente desequilibrada.
Brazzaville foi fundada em 1883 pelos franceses, como contrapeso à outra cidade colonial do outro lado do rio Congo, a belga Kinshasa, nascida Léopoldville em 1881. O nome da cidade é homenagem ao conde Pierre Savorgnan de Brazza, líder francês do século 19.
Para a maior parte da população das duas cidades, o cotidiano é uma busca incessante pela sobrevivência, traduzida como "buscar comida" para quase todos.
Turistas O rio pode ser cruzado em vinte minutos em um "ferryboat", ou bem menos que isso em uma lancha. Mas a burocracia dos dois lados, mesmo em tempos de paz, pode esticar essa viagem em umas duas ou três horas.
As duas cidades têm costumes parecidos e tratam os estrangeiros de modo semelhante.
Turistas VIPs têm mais facilidades. Há hotéis de categoria internacional para empresários -turistas comuns são praticamente inexistentes-, que também têm menos dificuldades em driblar a alfândega se forem convidados dos governos locais.
É fácil achar carros importados dirigidos pela elite local em cidades como Brazzaville, Kinshasa, ou mesmo na até recentemente tão marxista Luanda. Duro é achar um ônibus que não trafegue soltando pedaços pelo caminho.(RBN)

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