São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 1997
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Mexicano subverte o melodrama

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O filme "Profundo Carmesi" (traduzido para o português como "Vermelho Sangue") consolidou o mexicano Arturo Ripstein, 54, entre os grandes cineastas em atividade na América Latina.
Valeu ao diretor três prêmios em Veneza 96 e vitórias nos festivais de Havana e Biarritz, entre outros.
A anunciada fórmula ripsteiniana de subversão das regras do melodrama funciona aqui como nunca. Um melodrama farsesco evolui para um policial macabro.
O ponto de partida é um fato real, já levado às telas por Leonard Kastle em "The Honeymoon Killers" (1970). Uma solitária gorda (Regina Orozco) e um espertalhão careca (Daniel Gimenez Cacho) encontram-se por meio de um correio sentimental de revista.
Ela é uma enfermeira ardente e "suorenta", que cuida sozinha do casal de filhos pequenos. Já ele não passa de um pequeno escroque.
Ela procura um amante; ele, uma nova vítima. Nasce mais uma história de amor louco.
Coral e Nicolas percorrem o México atrás de mulheres infelizes. A almodovariana Marisa Paredes torna inesquecível a segunda delas. Ripstein assume o minimalismo para narrar essa história de crescente selvageria.
Emprestou o título original ("Profundo Carmesí") de uma frase de Thomas de Quincey: "Num ensaio sobre Macbeth, ele equipara a profundidade da cor à intensidade dos crimes cometidos. Os crimes de A empalidecem diante do carmim profundo dos de B". O resultado nasce clássico.
(AL)

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