São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 1997 |
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Retrospectiva resgata passado de Imamura
LÚCIA NAGIB
A retrospectiva que a Mostra Internacional de Cinema apresenta pode ser um bom antídoto contra esse risco, ao revelar o poder impressionante de Imamura desde seus primeiros filmes. Mas a impassividade crua de seu realismo irá se firmar em "Todos Porcos" (1961). A partir daí, o sórdido, o crime, o incesto, o estupro, narrados com uma naturalidade quase banal, transformam-se em sua assinatura autoral. "A Mulher Inseto", de 1963, é a apologia do instinto de sobrevivência feminino, filme tornado clássico sobre a difícil "ascensão" de uma camponesa à prostituição. Mais dois estudos sobre sexo e incesto marcam a obra de Imamura: "Segredo de uma Esposa" e "Introdução à Antropologia", quase tão indispensáveis quanto "A Evaporação do Homem" (1967). Nesse documentário, Imamura intervém no processo de formação do real, acompanhando a investigação sobre o desaparecimento de um homem. A montagem descontínua e a metalinguagem desaparecem na fase posterior, colorida. O desejo de alcançar um público maior não apaga, porém, a marca Imamura, sobretudo em "Minha Vingança", um belo ensaio sobre o instinto parricida. Texto Anterior: O Oriente expõe suas inquietações Próximo Texto: Diretores chineses garantem o escândalo Índice |
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