São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 1997
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Para educador, faltou participação

RODRIGO VERGARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os parâmetros curriculares anunciados ontem pelo governo federal sofrem resistência de educadores, que apontam falta de participação de professores da rede pública na elaboração do documento.
A Folha ouviu ontem dois especialistas em educação do ensino básico que expuseram suas opiniões sobre o documento apresentado. Mario Sergio Cortella, professor do programa de pós-graduação e educação da PUC-SP, é crítico do projeto. Já Cecilia Condeixa participou da elaboração dos parâmetros para a área de ciências.
Secretário da Educação da Prefeitura de São Paulo na gestão de Luiza Erundina (PT), Cortella reclama que o governo federal optou por convocar uma comissão de "notáveis" em vez de promover um debate em todas as regiões do Brasil com os professores da rede pública.
"São pessoas de respeito, notáveis, de fato. Mas quando não se discute o assunto no cotidiano das escolas o resultado são diretrizes muito abstratas."
Cecilia afirma que as discussões existiram. Segundo a educadora, o texto original elaborado pela comissão foi amplamente discutido e comentado em reuniões e debates promovidos em várias capitais do país e recebeu pareceres de diversos professores da rede pública.
Cecilia diz ainda que a proposta do governo federal não é indicar como as aulas devem ser seguidas, mas sim "oferecer aos educadores algumas sugestões de percursos para o ensino dos conteúdos."
"O parâmetro oferece uma gama variada de sugestões, para o professor escolher. Não é um bloco fechado, uma diretriz."
Cortella, no entanto, diz não acreditar que o parâmetro vá ser seguido como sugestão, mas sim como norma, porque as escolas não têm autonomia para orientar seus gastos.
"As escolas não são consideradas unidades orçamentárias independentes, não podem gastar seus recursos de acordo com suas necessidades, mas distribuir o dinheiro como quer a secretaria."
Sem autonomia financeira, segundo ele, o que normalmente ocorre é o professor seguir a sugestão do ministério como sendo uma diretriz fechada. Cecilia argumenta que isso não é possível, porque os textos enviados aos professores da rede pública "não podem ser utilizados como obrigatórios, porque são apenas comentários, concepções."

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