São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 1997
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Corinthians sofre ataque de guerrilha

DA REPORTAGEM LOCAL

Membros de torcidas uniformizadas do Corinthians emboscaram na madrugada de ontem o ônibus em que a delegação do clube viajava para São Paulo, após a derrota por 1 a 0 para o Santos, na Vila Belmiro, pelo Brasileiro.
No km 45, após o trecho de serra da rodovia dos Imigrantes (sentido São Paulo), torcedores com camisa da Gaviões atravessaram um ônibus em que viajavam na pista, transformando-o numa barricada.
Quando o ônibus dos jogadores chegou, a torcida investiu contra ele, armada com pedras, paus e galhos arrancados de árvores.
O ônibus estava sem proteção da Polícia Rodoviária, porque a diretoria não fez o pedido.
No ataque, os agressores xingavam os jogadores de mercenários e visavam especialmente Souza, Mirandinha e Donizete -embora os dois últimos nem estivessem ali.
Orientando pelos seguranças do clube, os jogadores fecharam as cortinas e deitaram no corredor.
O ataque durou cerca de dez minutos e deixou dois feridos: o meia Rincón, que recebeu estilhaços de vidro na perna, e o motorista do ônibus, com corte no supercílio.
O vice de Futebol, José Mansur Farhat, e o diretor Jorge Neme não estiveram no cerco. Temendo represálias, deixaram o estádio antes do fim do jogo.
A Gaviões negou ter sido autora do ataque, mas seus diretores se contradizeram sobre o ocorrido.
Um diretor corintiano disse que viu diretores da Gaviões e o próprio presidente, Douglas Deúngaro, no ataque. Mas pediu para não ser identificado: "Sei do que eles são capazes de fazer".
Deúngaro, por outro lado, disse que chegou ao local por acaso e tentou conter os torcedores, que, segundo ele, não eram da Gaviões.
Mas a tônica no clube ontem era tentar abafar o caso. Ainda não registrou queixa na polícia e é provável que nem o faça.
Os grupos de oposição política no clube criticaram o elo entre a atual administração e a Gaviões.
O ataque surge em hora crítica para o Corinthians e para a Gaviões. O time está em 20º lugar no Brasileiro e corre risco de rebaixamento. Já a Gaviões, proibida como todas as uniformizadas de frequentar estádios paulistas, negociava com a PM e o Ministério Público um modo de retornar.

LEIA mais sobre o ataque ao ônibus do Corinthians nas págs. 4-3 e 4-4

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