São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Provas específicas exigem do aluno estudo dobrado

BRUNO GARCEZ
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Os candidatos que prestarão provas de habilidades específicas precisam se empenhar tanto ou mais do que os que farão apenas as de conhecimentos gerais.
A forma de preparação é diferente. Além de estudar para os exames de conhecimentos gerais, os candidatos, dependendo da área escolhida, tem de fazer cursos extracurriculares, ir a museus, manter a forma física ou ler textos teatrais.
Paula Pirozzi Esteves, 18, que vai prestar arquitetura na Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) e na Universidade Mackenzie, acredita ter boa base para as provas específicas.
Ela estudou linguagem arquitetônica no colégio Santa Cruz e atualmente se prepara em um ateliê especial no cursinho. Além disso, prestou arquitetura na Mackenzie no ano passado para ganhar experiência.
"Estou segura quanto à prova de habilidades específicas. O que temo é a de física", afirma Paula.
Para ela, o mais difícil no exame da Mackenzie é ter de elaborar uma construção baseada em um tema dado na hora.
Segundo o professor Wlaudimir Carbone, 55, supervisor das provas de vestibular da Mackenzie, as propostas de tema sempre giram em torno de composições planas e tridimensionais.
Colega de Paula no cursinho de linguagem arquitetônica, Maíra Junqueira Neves, 19, prestará arquitetura na Fuvest, na Mackenzie e na PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica de Campinas).
Para Maíra, o teste de habilidade específica não conta tanto assim. O que mais a assusta são as provas de exatas e "a tensão pré-vestibular".
Segundo o professor Eduardo de Jesus Rodrigues, 52, que há dez anos faz parte da comissão que elabora as provas de habilidade específica para arquitetura na Fuvest, um dos pontos fracos dos candidatos é geometria.
"No ano passado, a nota mais alta em geometria foi 7,5, e não é raro tirarem zero", afirma.
O professor diz que os candidatos não devem se preocupar com os temas da prova específica. "São sempre temas atuais, ligados ao espaço urbano", diz.
Diferentemente de outros vestibulandos, Fernanda Ezsias da Silva, 17, que vai prestar artes cênicas na Fuvest e na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), acha que o mais difícil é justamente a prova de habilidades específicas.
Fernanda diz que ter cursado teatro durante um ano lhe deu uma boa base, mas que, para as provas específicas, ela "vai ter de se virar sozinha".
"A prova da USP é mais complicada. Você tem de analisar um texto, considerando enredo, tema, estrutura, análise de personagens, conflitos principais e secundários. Não sei como fazer isso", afirma Fernanda.
Segundo o chefe do departamento de artes cênicas da USP, José Eduardo Vendramini, 49, a prova de habilidades específicas de artes cênicas da Fuvest visa avaliar o nível de compreensão teatral do candidato.
"Ao longo do curso, a leitura e a análise de textos serão uma rotina. A prova visa preparar os candidatos. Quem já teve experiência teatral antes do vestibular não terá dificuldades", diz.
No entender de Vendramini, fornecer um roteiro para o candidato não inibe sua criatividade, mas impede que ele se sinta perdido.
Gabriel Alves de Almeida, 19, que fez 15 anos de natação e vai prestar esporte na Fuvest, diz que "é preciso fazer diferença nas específicas, porque a disputa é muito acirrada".
Antonio Carlos Simões, 49, coordenador das provas específicas de esporte da Fuvest, diz que o equilíbrio emocional é fundamental nos dias de exame, pois até mesmo candidatos com bom preparo podem ser desclassificados por nervosismo.

Texto Anterior: VEJA SE APRENDEU
Próximo Texto: Dá para mudar de curso sem vestibular
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.