São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 1997 |
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Poucos momentos salvam 'Career Girls' Filme de Mike Leigh fica previsível OLIVIER SÉGURET
O segundo, os diálogos: trocadilhos e comentários venenosos com os quais Hanna metralha os que estão à sua volta e que são a origem de saborosas gargalhadas. Por trás dessas duas boas atrizes a serviço de um bom texto, procura-se o filme que Mike Leigh pretendeu fazer, mas acabou perdido em conjecturas. Sistematicamente arquitetado, "Career Girls" mostra as lembranças de duas amigas que dividiram um apartamento em Londres à época da faculdade. Uma fazia letras, a outra, psicologia. Reencontram-se alguns anos mais tarde, durante um fim-de-semana. Bastante diferentes, tanto no físico como no moral (Hanna é sensual, violenta, engraçada, nervosa; Annie, recatada, passiva, doce, chega a ser chata), irão rever os caminhos que percorreram desde a juventude e analisar o que as aproxima, apesar das aparências. Sucessão alternada de "flash-backs" cronometrados e sequências atuais, o filme avança sob uma previsibilidade morna que leva a etapas psicológicas segundo um calendário pré-estabelecido: família, trabalho, sexo etc. São muitos os capítulos em que as duas amigas irão analisar suas diferenças, fazer balanços pessoais ou se observar mutuamente, como em um espelho deformador. Nesse desenrolar, a história perde rapidamente todo o mistério, apesar das tentativas pouco convincentes que Leigh faz para tirar o filme de seu caminho mais óbvio. Mas, em nenhum momento, o cineasta dá qualquer sinal de alento à direção. "Career Girls", sobre uma trama e princípio prometedores, permanece desesperadamente correto, enfadonho, polido. Texto Anterior: Edição comemora 10 anos da 'Premiere' Próximo Texto: SP não terá apresentação neste ano Índice |
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