São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 1997
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Edição comemora 10 anos da 'Premiere'

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A revista norte-americana "Premiere" chega aos dez anos consagrando a fórmula que inventou para falar de cinema: os lucros, prejuízos e negócios por trás das produções de Hollywood.
O atestado está na capa da edição especial de décimo aniversário (mês de outubro), que anuncia "os novos visionários" da indústria cinematográfica.
Engana-se quem pensa em diretores de vanguarda ou novos nomes. Interessada sobretudo no "mainstream", a revista reúne sob esse título Mel Gibson ("Coração Valente"), Jodie Foster ("Mentes que Brilham") e Kevin Costner ("Dança com Lobos").
Ou seja, um trio de atores bem-sucedidos que vêm conseguindo o mesmo desempenho atrás das câmeras, dirigindo.
Vencedores de vários Oscar, eles são, segundo a revista, aqueles que "estão assumindo o controle em Hollywood" num ano em que blockbusters como "Batman & Robin" e "Velocidade Máxima 2" ficaram aquém das expectativas dos executivos.
A edição conta ainda com um balanço em números mostrando as mudanças e os principais fatos de Hollywood no decênio 87-97 (leia quadro abaixo) e uma galeria de fotos com celebridades da indústria cinematográfica produzidas especialmente para as páginas da "Premiere" no período.
Equilíbrio
A postura adotada pela revista -implantada pela editora-fundadora Susan Lyne- tem por objetivo mostrar a grande indústria que está por trás da maior parte das produções norte-americanas.
Mas o modelo tem seus problemas. E os editores da revista assumem tal fato, dizendo estar sempre à procura de equilíbrio. "Não queremos ser vistos como uma revista de negócios", afirmou à Folha o editor-sênior Glenn Kenny, 38, em entrevista por telefone, de Nova York.
Para Kenny, a cobertura de cinema nos EUA hoje está mais direcionada para as questões comerciais e empresariais do que para o conteúdo dos filmes, aquilo que ele chama de "bom cinema".
"Não acredito que a 'Premiere' tenha contribuído para a situação atual mais do que os outros órgãos de imprensa, especialmente a televisão", disse.
Colaborações de escritores como Martin Amis, reportagens sobre filmes independentes e menos espaço para alguns "blockbusters" são alguns dos métodos utilizados em busca do meio-termo.
"Tentamos ter uma relação com pessoas que consideramos potencialmente importantes, diretores como Luc Besson e Billy Bob Thornton, além de manter contato constante com David Cronenberg, Francis Ford Coppola e Martin Scorcese."
Um "prato cheio" para esse padrão foi o filme "A Outra Face" do cineasta de Honk Kong John Woo. "Nós acompanhávamos o trabalho dele há muito tempo. Sabíamos que o filme seria sua primeira chance de mostrar seu estilo em Hollywood. O resultado foi um grande sucesso, inclusive financeiro, e com qualidade", afirmou.
Uma boa pista para entender a "Premiere" é conferir os 'dez filmes que definiram a década' eleitos pela publicação, a saber: "A Lista de Schindler", de Steven Spielberg, "Os Imperdoáveis", de Clint Eastwood, "A Bela e a Fera", dos estúdios Disney, "Pulp Fiction", de Quentin Tarantino, "Thelma & Louise", de Ridley Scott, "Asas do Desejo", de Wim Wenders, "Faça a Coisa Certa", de Spike Lee, "Nos Bastidores da Notícia", de James L. Brooks, "Os Bons Companheiros", de Martin Scorcese, e "O Exterminador do Futuro 2", de James Cameron.

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