São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 1997
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1998, TERRA PROMETIDA

São recorrentes no Brasil os cenários eufóricos. Fala-se agora em investimentos diretos estrangeiros de US$ 24 bilhões em 98 e alguns acreditam que o Brasil vai superar a China como receptor de capitais. O otimismo resulta principalmente das privatizações, mas há também prognósticos de retomada em setores como químico, celulose e têxtil.
Entretanto, uma coisa é o potencial, outra é o que se vai investir de fato.
É verdade que o programa de desestatização vem sendo acelerado. Mas é preciso reconhecer, realisticamente, que anos eleitorais não combinam com privatização. É assim no Primeiro Mundo, tem sido assim nos mercados emergentes.
Adicionalmente, mesmo supondo que algumas teles e empresas do setor elétrico sejam vendidas nos próximos meses, o ciclo de investimentos privados, sobretudo estrangeiros, deve ser visto com cautela, dadas a crise asiática e a política de contenção do crescimento no Brasil.
Em alguns setores, como o automobilístico, parece que o momento mais forte de atração de capitais já passou. Atração, vale recordar, amparada numa política protecionista que é inviável para outros setores.
Há também fatores externos a considerar. O movimento de capitais favorável aos mercados emergentes deve prosseguir. Mas o cenário internacional vem sofrendo alterações graduais que podem tornar mais cautelosos os investidores globais.
No rol dos fatores de risco estão uma provável alta de juros nos EUA e a redução do crescimento na Europa e no Japão. Nesse quadro é discutível que os juros no Brasil venham a cair muito em 1999, como antecipa, por exemplo, Edmar Bacha, ou que a fase de sobrevalorização do câmbio esteja então superada, também segundo aquele economista.
A tendência no Brasil, com privatizações e estabilidade, é positiva para os investidores. Mas, no país da ciclotimia econômica e política, é preciso cautela quando reaparecem os cenários de ilha de tranquilidade.

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