São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997
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Quércia quer acordo com o PT para barrar reeleição de FHC

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-governador paulista Orestes Quércia (PMDB) defendeu ontem o início imediato de negociações políticas entre seu partido, PT e outras legendas de esquerda para um pacto que assegure apoio a quem enfrentar Fernando Henrique Cardoso num eventual segundo turno na eleição presidencial de 98.
"É perfeitamente possível um entendimento prévio na oposição para derrotar o governo no segundo turno", disse.
Quércia declarou que acredita na possibilidade de o PMDB optar por candidatura própria. Em público, defendeu o nome do ex-presidente José Sarney como o candidato ideal para seu partido, embora nos bastidores poucos peemedebistas apostem na disposição de Sarney para concorrer.
"Existem certas razões do pessoal que duvida da candidatura do Sarney, mas ele tem todas as condições para concorrer pelo PMDB", afirmou.
O ex-governador considera fundamental, até para cacifar sua provável candidatura ao Palácio dos Bandeirantes, que o PMDB tenha um candidato de oposição a FHC. Por isso, admitiu até apoiar o senador Roberto Requião (PMDB-PR), que se posiciona como alternativa para disputar a Presidência.
"Apóio o Sarney, mas o Requião também é uma possibilidade", afirmou. Em 91, Requião chamou Quércia de "ladrão" e, depois, chegou a criar um serviço para captar denúncias telefônicas contra o adversário interno.
O primeiro passo para o diálogo entre Quércia e o PT foi dado ontem com a inédita visita que a cúpula do PT paulista fez ao ex-governador, em seu escritório político.
"Temos distâncias grandes, mas existe um campo comum em algumas áreas fortes", afirmou o presidente do PT estadual, Antonio Palocci, para justificar o encontro. Os petistas foram convidar Quércia para um ato público contra o desemprego, dia 6 próximo, em São Bernardo do Campo.
Apesar da inusitada aproximação, Quércia manifestou-se cético sobre a viabilidade eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva, provável candidato presidencial do PT. "Uma terceira candidatura do Lula só facilitaria as coisas para o governo", disse.
São Paulo
Quércia pretende começar a percorrer o interior de São Paulo a partir de janeiro, já em campanha pelo governo estadual.
O cenário vislumbrado por Quércia para a disputa paulista não reserva lugar para o atual governador Mário Covas (PSDB). "Um indeciso como o Covas, quando decide sobre uma coisa, não volta atrás", provocou, ao responder se acha possível que o tucano mude de rota e tente a reeleição.
Para atingir FHC, o ex-governador até fez um pequeno elogio a Covas. "O Fernando Henrique não é muito fiel e vacila em relação aos amigos. O Covas é mais firme", declarou.

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