São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997
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Último morador saiu dez minutos antes

DA AGÊNCIA FOLHA

O advogado João Pessoa, 60, foi o último morador a deixar o edifício Itália, às 6h10 de ontem. Dez minutos depois, o prédio caiu.
Ele morava no 13º andar. Pessoa foi acordado às 5h30 pelo segurança, que disse a ele que o prédio estaria pegando fogo.
"Eu estava dormindo e, quando acordei, ouvi barulho de vento forte, estouros, como se fosse um trovão seco", disse o advogado.
O promotor de Justiça Odival Cicote contou que só teve tempo de descer, pegar o carro e sair. "Só ouvi o barulho e vi uma nuvem de poeira."
O dentista Julio Roberto Martins, 49, que mora em uma casa vizinha, havia chegado de viagem à 1h30. Por volta das 6h, foi acordado pela mulher, que disse que estava ouvindo barulhos de vidro se quebrando.
"Em seguida, ouvi a sirene dos bombeiros e um soldado pedindo para todo mundo deixar o local."
Martins retirou as sete pessoas da casa. Menos de meia hora depois, o sobrado -onde funcionavam também os consultórios dele e da mulher- foi totalmente soterrado pelo desabamento do prédio vizinho.
Tudo o que sobrou foi o carro, que ele havia retirado, e a roupa do corpo. "Perdi minha casa e meu ganha-pão", afirmou ele à reportagem da Agência Folha, de bermuda e chinelos.
O barulho provocado pela queda do edifício foi ouvido a uma distância de quase 2 km. "Parecia um terremoto", afirmou a comerciante Maria Ferreira, que acabara de abrir seu bar quando ouviu o estrondo.
Vítimas
O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil de São José do Rio Preto são cautelosos ao dar informações oficiais sobre o número de vítimas.
O cuidado se justifica, segundo eles, porque a retirada dos moradores e o isolamento da área não foram feitos sob condições ideais.
Os bombeiros temem, principalmente, que algum pedestre pudesse estar passando pela local na hora do desabamento e tenha sido coberto pelos escombros.

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