São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997
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Comércio ainda cobra juro de 184% ao ano

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

As taxas de juros cobradas pelo comércio ficaram estáveis em setembro, mas num patamar altíssimo. A taxa média de sete regiões do país estava em 9,08% ao mês, ou 183,75% ao ano.
Foi o que constatou pesquisa realizada pela Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), com base em anúncios de jornais de grande circulação em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Brasília, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
A pesquisa indica que o maior juro médio era cobrado em setembro por lojas de decoração: 11,42% ao mês, ou 266,06% ao ano.
As taxas de juros mais baixas, sempre considerando a média, eram praticadas por revendedoras de veículos (5,25% ao mês, ou 84,78% ao ano) e empresas de turismo (5,33%).
As grandes redes de comércio ofereciam financiamento com taxas de 7,41% ao mês, ou 135,80% ao ano, também na média delas.
Desde o final do ano passado essas taxas estão praticamente no mesmo lugar, apesar de os juros primários (monitorados pelo Banco Central) terem deixado de cair só a partir de abril.
Mesmo em relação a setembro de 1996 a queda foi mínima. A média geral, por exemplo, que era de 9,33% ao mês, está em 9,08%. A média nas grandes redes recuou de 7,53% para 7,41% ao mês.
Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac e coordenador da pesquisa, afirma que, embora o Real tenha contido quase a zero a alta dos preços, muitos empresários mantiveram a "velha mentalidade inflacionária" de querer compensar problemas de gestão cobrando juros absurdos.
O ganho de renda que a maioria da população obteve após o Plano Real está sendo engolido, segundo Oliveira, pelas elevadas taxas do crediário. É o juro alto que provoca inadimplência e não o contrário, argumenta ele.
Além de os juros serem muito altos, diz Oliveira, muitas lojas não informam em destaque a taxa na venda a prazo e, quando informam, apontam custo menor.
Pesquisa com 712 consumidores também mostra, relata Oliveira, que 96% não sabem quanto estão pagando de juros. A preocupação, diz ele, é se a prestação cabe no orçamento, e não com a taxa.

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