São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997
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Incerteza sobre câmbio faz reservas caírem US$ 1,1 bi

Em setembro, o total diminuiu para US$ 61,931 bi, diz BC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A incerteza do mercado sobre o câmbio e a queda no ingresso de empréstimos e investimentos estrangeiros provocaram em setembro uma redução de US$ 1,125 bilhão nas reservas em dólar do governo, segundo o Banco Central.
Após atingir patamar recorde em agosto, com US$ 63,056 bilhões, as reservas internacionais baixaram para US$ 61,931 bilhões em setembro, considerando os créditos de curto, médio e longo prazos.
Essa queda se explica, em parte, pela cautela do mercado em relação ao câmbio. Os bancos preferiram reter US$ 585 milhões, em vez de vendê-los ao BC.
Com esse dinheiro em caixa, as instituições atenderam à maior procura por operações de "hedge", que são fechadas como proteção contra mudanças no câmbio.
Em setembro, o mercado procurou essas operações porque estava inseguro com as notícias vindas do Sudeste Asiático e os preparativos para a reunião anual do FMI.
A diminuição das reservas também se explica pelo menor ingresso de recursos no câmbio financeiro, que inclui os empréstimos tomados no exterior e investimentos de estrangeiros no Brasil.
Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, nos próximos meses não deve se repetir a redução nas reservas verificada em setembro.
"Os bancos reconheceram que o temor não tinha sentido e já estão vendendo os dólares que retiveram em setembro", disse Lopes.
O resultado negativo nas chamadas transações correntes também contribuiu para a queda das reservas.
Em setembro, as despesas do país nas suas principais transações com o exterior superaram em US$ 2,850 bilhões as receitas.
As transações correntes incluem a balança comercial (exportações menos importações), os serviços (juros, transportes, viagens internacionais etc.) e as transferências unilaterais (dinheiro enviado ao Brasil por residentes no exterior e vice-versa).
Com esse resultado, o déficit nas transações correntes acumulado em 12 meses atingiu 4,32% do PIB (Produto Interno Bruto).
Houve uma ligeira piora nesse resultado, se comparado ao mês anterior, quando o déficit acumulado foi de 4,27% do produto.
Assim, o resultado das transações correntes já é maior que o desejável pelo governo -3% do PIB- e ameaça ultrapassar os 4,5% do PIB até dezembro.

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