São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997
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Apelidos

EDUARDO OHATA

No final de 1989, o então campeão mundial dos meio-médios-ligeiros, Meldrick Taylor, preparando-se para unificar o título com Júlio César Chávez, faria uma luta na Filadélfia.
Seu adversário original, Rodney Moore, não pôde lutar por causa de contusão, e o substituto, Victorio Belcher, foi preso por não pagar a pensão da ex-mulher. Russel Peltz, que organizava a programação, pensou em uma solução original.
Taylor acabou enfrentando o mexicano "Rocky" Balboa, cujo nome verdadeiro é Jaime. "Ao contrário dos dois adversários anteriores, habilidosos, escolhemos Balboa somente por causa do apelido. Apesar de suas limitações, conseguimos atrair muita gente por causa do 'Rocky"', explicou Peltz, aludindo ao personagem interpretado por Sylvester Stallone. O mexicano Balboa acabou perdendo por nocaute no quinto assalto.
O ex-campeão dos pesos pesados Muhammad Ali era mestre na arte de apelidar os adversários. O desdentado Leon Spinks tornou-se "Drácula"; o grandalhão Sonny Liston era o "Grande Urso Feio"; George Chuvalo, a "Lavadeira"; Archie Moore, já quarentão, era o "Velho"; George Foreman, a "Múmia", e Joe Frazier, o "Gorila".
E os apelidos podem ser divididos em modalidades. Étnicos, "Pantera Negra" (Reginaldo Andrade); nacionalistas, "Touro Selvagem dos Pampas" (Luís Firpo); regionais, "Os lábios de Louisville" (Muhammad Ali); descritivos física e estilisticamente, "Duas Toneladas Tony" (Tony Galento), "Moinho de Vento Humano" (Harry Greb); ecológicos, "Bulldog" (Mickey Walker), "Maguila" (Adilson Rodrigues); meteorológicos, "Furacão" (Rubin Carter); Ocupacionais, o "Carteiro Lutador" (Tony Thorton), e recicláveis, "Kid" (muitos lutadores já adotaram esse nome).
"Um mau lutador com um bom apelido nunca é uma perda total", dizem. Peltz é o primeiro a concordar.

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