São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997
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Livro de 'mulher nova' espantou

MARILENE FELINTO
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Rachel de Queiroz entrou para a história da literatura brasileira com o romance "O Quinze" (1930), que escreveu aos 19 anos. Nenhum outro de seus livros teria o mesmo destino de sucesso.
Nem "As Três Marias" (1963), transformado em novela de TV, ou "Dôra, Doralina" (1975), transformado em filme de cinema.
Ao lado de "A Bagaceira", de José Américo de Almeida, "O Quinze" seria marco na evolução do novo romance nordestino. É "O Quinze" que inaugura as qualidades de economia e vivacidade da prosa que caracterizaria o romance regionalista dos anos 30 e 40.
No ensaio de Vilma Arêas nos "Cadernos" ("Rachel: o Ouro e a Prata da Casa"), a professora reproduz um comentário de Graciliano Ramos sobre o surgimento do primeiro romance dela.
"O 'Quinze' caiu de repente ali por meados de 30 e fez nos espíritos estragos maiores que o romance de José Américo, por ser livro de mulher e, o que na verdade causava assombro, de mulher nova. Seria realmente de mulher? Não acreditei. Lido o volume e visto o retrato no jornal, balancei a cabeça: 'Não há ninguém com esse nome... pilhéria. Uma garota assim fazer romances! Deve ser pseudônimo de sujeito barbado'."
O romance de Rachel ficou para a história do mesmo modo que a seca está gravada na memória do sertanejo. "Eu nasci no final de 10", conta Rachel. "Ainda tinha quatro anos na seca de 1915."
"Mas me lembrava de muita coisa, principalmente de quando ia a Fortaleza com minhas tias aos chamados 'campos de concentração', onde se recolhiam as famílias vítimas da seca".
(MF)

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