São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 1997
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Centrais no Brasil têm propostas divergentes

CLÓVIS ROSSI
DO CONSELHO EDITORIAL

No Brasil, o debate sobre a redução da jornada de trabalho criou um abismo entre as posições das centrais sindicais.
A Força Sindical, relata Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, defende uma jornada de 36 horas semanais, uma redução substancial em relação às 44 horas vigentes.
Paulinho diz que, como "não dá para reduzir salários nem quebrar as empresas com o custo adicional", a proposta prevê isenções fiscais para custear o esquema.
Pelas contas da Força Sindical, o governo teria que abrir mão de R$ 3,5 bilhões/ano, entre impostos e encargos sociais, para cobrir o custo do programa.
Já a CUT propõe uma redução menor (para 40 horas/semana), sem redução de salários, mas também sem contribuição do governo.
"As empresas têm condições de arcar com os custos da redução. Já ganharam bastante dinheiro e vão continuar ganhando", alega Kjell Jakobsen, secretário de Relações Internacionais da central.
Há igualmente enorme diferença na avaliação dos efeitos sobre o emprego da redução da jornada.
Para Paulinho, a jornada de 36 horas criaria 3,5 milhões de empregos. Mas, para Jakobsen, a jornada maior (40 horas) criaria ainda mais empregos (4 milhões).
Tal abismo na avaliação dos efeitos parece dar razão a Jakobsen quando ele diz que "é apenas teórico" o aumento no número de empregos, como consequência da redução da jornada.
O patronato já fulminou a proposta, em alentado estudo preparado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria): "A idéia é equivocada, pelo menos como forma de induzir um aumento de emprego", diz o texto.
Só daria certo se não houvesse aumento nos preços de venda (decorrente do custo maior pelo fato de haver mais pessoas empregadas) e não ocorresse igualmente aumento da produtividade, para compensar a redução da jornada.
A contraproposta da CNI é flexibilizar a jornada de trabalho, tornando-a anual. Quando houvesse mais demanda, a empresa aumentaria a produção (e, em tese, o emprego) e faria o inverso, mas sem precisar demitir, quando a demanda caísse. (CR)

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