São Paulo, sábado, 18 de outubro de 1997 |
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Casal salva filha, celular, Audi e Mercedes
EDMILSON ZANETTI
Ontem, Irani visitou os escombros do edifício. Chorava copiosamente, lamentando o prejuízo de cerca de R$ 500 mil, valor de seu apartamento mobiliado. "Eu torço, rezo, imploro a Deus para que a gente recupere pelo menos a roupa do corpo para recomeçar a vida", dizia, olhando para a montanha de pedaços de concreto e ferro retorcido. Ela disse ter esperanças de recuperar alguma coisa dos entulhos. "Em 10 minutos, perdi o investimento de nove anos de minha vida. Tenho que recomeçar do zero, do nada." A família, que está hospedada em casa de amigos, perdeu todos os pertences pessoais e está sem qualquer documento. Neblina Um pouco mais tranquilo, o arquiteto Orestes Tonelli, 33, contava que só escapou da morte por sorte. Ele mora no 10º andar do edifício Parati, que foi parcialmente atingido pela queda do Itália. Com o ar condicionado ligado, não ouviu o chamado do Corpo de Bombeiros, quando o prédio foi desocupado. Só acordou quando seu prédio balançou, ao receber o impacto provocado pelo desabamento. Achou que fosse sonho. Abriu a janela e viu uma nuvem branca. Pensou que fosse neblina. Tranquilamente, escovou os dentes, tomou banho e café. Só percebeu que a nuvem branca não era neblina quando desceu e viu o prédio vizinho no chão. A ponta do edifício havia passado a três metros de sua janela. Mudança O empresário Antonio Carlos Parise, 54, amargou, de longe, o maior prejuízo do desabamento. Ele era dono da cobertura, de duas lojas de móveis finos no térreo e de dois apartamentos. O prejuízo estimado é de R$ 1,6 milhão. Parise levou o último móvel para a cobertura no domingo. Iria se mudar anteontem. "Só faltava a última limpeza." (EZ) Texto Anterior: Seguradora pode não cobrir prejuízos Próximo Texto: Prefeitos vão reivindicar perdas a FHC Índice |
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