São Paulo, sábado, 18 de outubro de 1997
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Pelé e a ética

JUCA KFOURI

É fora de qualquer discussão que seria melhor que o ministro Pelé não tivesse uma empresa de marketing esportivo.
Como ninguém discute sua honestidade pessoal, ele se adaptaria exemplarmente ao adágio da mulher de César, que não basta ser, mas tem de parecer honesta.
Só que a empresa é um fato, existe desde 1990, tem o seu nome (ao contrário das empresas de alguns cartolões que usam testas-de-ferro) e, repito, ganharia muito mais se, ao invés de brigar, se associasse ao esquema vigente.
Volto ao tema apenas por ver citada na importante coluna de Janio de Freitas (que acha que não há um lado bom no embate em torno do projeto de Pelé) uma declaração de Tostão que, embora a favor do projeto, não considera ético um ministro dos Esportes ter uma empresa de marketing esportivo.
É fundamental martelar que Pelé está afastado da empresa, que só tem feito perder dinheiro desde que assumiu o ministério e que até agora ninguém foi capaz de apontar nem sequer uma linha de seu projeto que privilegiaria os seus negócios.
Reitero que o defendo sem procuração para tal, abertamente, pelo simples fato de achar ser meu dever testemunhar o esforço sincero de alguém que, em vez de fazer o mais fácil e continuar amigo de todos, escolheu um lado, o decente, para lutar.
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Se há um lugar em que está difícil achar quem está certo, esse é o Corinthians. Direção, oposição e Gaviões se merecem. Com a diferença, é claro, que os últimos deveriam estar entre grades, medida que tarda e falha há tanto tempo que permite desconfiar da competência do Ministério Público no caso.
O promotor Fernando Capez, que tantos elogios já recebeu aqui, parece vítima do deslumbramento comum aos que ganham seus 15 minutos de fama e, ao se aproximar em demasia da direção corintiana, está perdendo a isenção para fazer justiça sem olhar cores de camisa.
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Em fax datado de 6 de outubro, a rádio Tupi do Rio informa ao "MUV", o movimento de oposição vascaína, que não pode aceitar seus anúncios no horário da programação esportiva por esta ser patrocinada pelo Vasco, o que seria conflitante. E oferece quaisquer outros horários.
Estaria tudo perfeito não fosse o fato de a programação esportiva da Tupi não divulgar o patrocínio do Vasco.

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