São Paulo, sábado, 18 de outubro de 1997 |
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Kevin Smith "amadurece" seu lado romântico
ELAINE GUERINI
O novo filme, uma das atrações de hoje da Mostra Internacional de Cinema, é uma deliciosa comédia sobre um inusitado triângulo amoroso -entre um roteirista de gibi, sua namorada e os "fantasmas" dos homens e mulheres com quem ela ficou no passado. "A idéia é mostrar como a insegurança pode botar tudo a perder", disse Smith à Folha, por telefone, de Deauville, na França. Considerado um dos expoentes da nova geração do cinema independente nos EUA, o diretor de 27 anos afirma ter amadurecido depois do sucesso de "O Balconista" e do fracasso de "Barrados no Shopping". "Falaram tão bem do primeiro filme e tão mal do segundo que passei a não me importar com o que falassem do terceiro." Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista. * Folha - Seu primeiro filme foi baseado em suas experiências como balconista. "Procura-se Amy" também é autobiográfico? Kevin Smith - Eu nunca me apaixonei por uma lésbica, mas sempre agi como o protagonista. Tive dificuldade para esquecer pessoas que passaram pela minha vida e medo de ser comparado com os ex-namorados das mulheres com quem me relacionei. A única coisa que eu não vivi foi a experiência com uma lésbica. Acrescentei isso para deixar a história mais interessante. Folha - Os diálogos de seus filmes são carregados de palavrões e piadas. Seria uma marca registrada ou mais um recurso para conquistar determinado público? Smith - É uma mistura dos dois. Eu me inspiro no que as pessoas falam no dia-a-dia para escrever os diálogos. O que os personagens falam em "Procura-se Amy" todo mundo já ouviu de algum amigo. Em Hollywood, a maioria dos diálogos soam falso. São coisas que você jamais falaria na vida real. Acho que o meu público gosta do que eu faço justamente porque ele consegue se identificar. Folha - Seria essa a explicação para o sucesso de "O Balconista"? Smith - Acho que sim. O filme também funcionou porque tocou em um assunto diferente. Existe algo familiar a respeito dos balconistas. Todo mundo os conhece, mas ninguém nunca pensou em explorar o que acontece com eles quando você deixa a loja. Folha - Você escreveu o roteiro de "Superman", que a Warner vai rodar em novembro. Como é trabalhar para um grande estúdio? Smith - Você precisa estar pronto para abrir mão de certas coisas e de respeitar certas regras. Eu não espero reconhecer o meu trabalho depois que o filme estiver pronto. Eles contrataram dois outros roteiristas para reescrever. O que eu fiz será diluído. Folha - "Dogma", seu próximo filme, traz Linda Fiorentino. Isso é um sinal de que você vai entrar no esquema de Hollywood? Smith - O orçamento é grande para o meu padrão, mas pequeno comparado ao que se gasta. É um filme de auto-estrada, na linha fim do mundo, que exige mais recursos. Vamos usar efeitos especiais. Texto Anterior: 'Tosca' mantém equilíbrio entre tensões Próximo Texto: "Violência Gratuita" prolonga jogo de pesadelo Índice |
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