São Paulo, sábado, 18 de outubro de 1997 |
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McCabe toca violão em debate na Folha
FABIO MASSARI
O autor irlandês, que pediu de cara para assistir a alguns filmes "trash", disse que obviamente poderia evitar essa parte do trabalho de divulgação. "Algumas vezes é uma completa perda de tempo, você vende 300, 400 livros a mais... Mas você os venderia de qualquer maneira." Mas, no caso do Brasil, segundo McCabe, parece haver uma conexão especial. Na noite de quinta-feira passada, esse digníssimo representante da boa tradição literária irlandesa falou no auditório da Folha, em evento promovido pelo jornal e pela Geração Editorial, para uma platéia de 30 e poucas pessoas, formada basicamente por representantes da "academia", profissionais da notícia e alguns pares de curiosos. O gelo foi quebrado de cara por McCabe, que ameaçou sabatinar os presentes ao final do evento. Porém outro final nos aguardava. Como é costume nesse tipo de lançamento/debate, o autor começou por discutir a elaboração e o sucesso de seu livro "The Butcher Boy", lançado no Brasil pela Geração Editorial com o título de "Nó na Garganta". McCabe lembrou a reação de seu editor ao receber o manuscrito do livro: "Não vamos publicar isso, não dá para entender uma palavra do que está escrito". E elogiou o título brasileiro, dizendo que "é o melhor título possível, pois o livro trata do confinamento das emoções, de emoções fortemente amarradas". McCabe passou então à melhor parte da noite, a leitura de trechos do livro, informando que o importante ali era "sentir" a obra, mesmo que algumas pessoas não entendessem. Quase de memória, McCabe visitou alguns trechos-chave de "Nó na Garganta", alternando brilhantemente vozes e acentos, correndo seu olhar penetrante pela platéia como se fosse pular em cima dos espectadores. Na hora do bate-papo com os presentes, tirou de letra as inevitáveis "pérolas" desse tipo de evento e falou um pouco sobre tudo. Comentou sobre suas influências -"Joyce, Conrad e Nabokov"- e da versão cinematográfica de "Nó na Garganta", de Neil Jordan: "Muitos diziam que era um filme 'infilmável', o próprio Neil dizia que explodir um posto do correio é muito fácil... Mas o filme é perfeito". Também falou sobre as dificuldades da vida de escritor. "Depois de um tempo, decidi seguir o exemplo de Faulkner, pura e simplesmente escrever, sem me preocupar com ninguém." No final, em vez da prometida sabatina, McCabe levou a balada tradicional "The Butcher Boy" ao violão, transportando os presentes para algum beco perdido da Irlanda "mccabiana". Que a presença de Patrick McCabe no Brasil incentive as vendas de "Nó na Garganta". Diversão garantida por conta de um autor obrigatório... Texto Anterior: Escritora Erica Jong faz balanço de vida Próximo Texto: Quasar dança no Comfort Índice |
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