São Paulo, sábado, 18 de outubro de 1997
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Escritora Erica Jong faz balanço de vida

JOSÉ GERALDO COUTO
DO ENVIADO ESPECIAL

Um quarto de século depois de ter feito a cabeça de uma geração inteira de mulheres com o clássico da libertação feminina "Medo de Voar" (1973), a norte-americana Erica Jong, 53, está em Frankfurt para promover seu livro mais ambicioso, "Inventing Memory".
O romance, que a Record deve lançar no Brasil em 98, é a saga de várias gerações de mulheres americanas, de 1905 a 2006.
A escritora disse à Folha que a família descrita, cuja matriarca é uma judia russa que imigrou para a América no início do século, tem muito a ver com a sua própria.
Segundo Jong, o livro, lançado há três meses nos EUA, está sendo recebido muito bem pela crítica. "Pela primeira vez na vida um livro meu está sendo respeitado como obra literária."
Erica Jong, de fato, sempre foi vista mais como ativista que como escritora, graças sobretudo ao impacto de "Medo de Voar", que vendeu mais de 12 milhões de exemplares pelo mundo.
"Se por um lado tive leitores apaixonados, também fui chamada de puta e de bruxa, acusada de derrubar a civilização ocidental."
A autora considera que seu livro ajudou as mulheres a se libertarem. "Nos últimos 20 anos, coisas que eram consideradas radicais tornaram-se comuns. Hoje as mulheres acreditam em sua capacidade de gostar de sexo, assim como acreditam no direito de serem pagas adequadamente por seu trabalho. Mas ainda temos muito a avançar."
Vista como uma espécie de versão feminina de Henry Miller, Erica Jong foi amiga do autor, sobre quem escreveu um livro, "The Devil at Large" (1993).
Há três anos, significativamente, Erica Jong publicou "Medo dos Cinquenta: Memórias da Meia-Idade", em que faz uma balanço de sua experiência. O livro, que está saindo no Brasil pela Record, mostra uma mulher mais assentada, mas ainda combativa.
"Acho que tenho hoje uma visão mais ampla do mundo, não me sinto mais o centro de tudo. Meu ponto de vista hoje é muito mais o da mãe de uma adolescente. Isso faz você repensar sua vida e deixar de ser o centro."
(JGC)

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