São Paulo, sábado, 18 de outubro de 1997
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Italiana se preocupa com vestido

ALVARO MACHADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em sua primeira visita ao Rio, Renata Scotto tem expressado fascinação pela beleza da cidade. "É claro que eu gostaria que dessem condições melhores aos pobres e que houvesse mais empregos."
A voz parece jovial, sem sombra da angústia da personagem condenada ao telefone que faz em "A Voz Humana".
Pelo contrário, ao chegar, Scotto fez pilhéria, afirmando estar preocupada sobretudo com seu vestido: "Será bonito?". A seguir, trechos da entrevista.
(AM)
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Folha - Interpretar sozinha no palco, depois de tantas produções cheias de personagens, não traz à senhora certa melancolia?
Renata Scotto - Não, pois não é melancólico o tom de meu papel. Nessa ópera, meu partner está do outro lado do telefone, mas de fato não há ninguém. Eu faço as perguntas e dou as respostas. São 50 minutos de drama puro, e estou muito interessada nisso como um desafio para uma atriz dramática.
Folha - O que essa personagem lhe mostra?
Scotto - Estou interessada em olhar o interior de todo sentimento ou drama humano. Nesse caso, trata-se de uma mulher sozinha, infeliz. Não sou uma feminista, mas, quanto a sentimentos, o feminismo vai longe demais. Veja o caso da mulher de "A Voz Humana", que pensa ser independente, mas não consegue lidar com a situação e cai na solidão.
Folha - Quais as diferenças entre o estilo de sua geração e o das cantoras que despontaram a partir dos anos 70?
Scotto - Há muitas diferenças. Elas querem carreira rápida, dinheiro imediato, e não podem estudar. Por outro lado, há bom preparo inicial. Porém a comunicação com o público não é tão grande.
Folha - Como se sente dividindo a noite com Eva Marton?
Scotto - Não gostaria de dividir a noite com Marton, mas com seu marido, pois prefiro homens a mulheres. Mas ela é uma grande cantora, e "Barba Azul" é uma ópera fantástica.

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