São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 1997
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Temer quer apurar contratação irregular

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL

O deputado Michel Temer (PMDB-SP) disse ontem que vai enviar hoje para a corregedoria da Câmara dos Deputados o caso do deputado federal Jorge Wilson (PTB-RJ), que manteve a filha Renata Paula, que morava na Venezuela, contratada pelo seu gabinete por um ano.
Segundo Temer, que é presidente da Câmara, ele vai determinar um prazo "o menor possível" para que a corregedoria investigue a contratação irregular. "Acho que sete dias é um prazo razoável."
Segundo Temer, a contratação da filha do deputado é "proibida" pelo ato 72/97, que diz, no seu artigo 2º, que os secretários parlamentares "terão exercício exclusivamente nos gabinetes parlamentares, em Brasília, ou em suas projeções" nos Estados. "Esse ato foi tomado na minha gestão", disse.
A filha do deputado recebia salário de R$ 1.100,00 por mês da Câmara, mesmo morando muitos meses fora do Brasil.
O deputado Wilson exonerou a filha na terça-feira, dia 14, quando a Folha comunicou a ele que havia descoberto a irregularidade.
Wilson ainda mantém contratados no gabinete mais dois filhos: Carla Andrea, com salário de R$ 3.200, e Jorge Wilson, com salário de R$ 1.000. Os dois trabalham no escritório do deputado no Rio. Somados os salários, a renda dos filhos era de R$ 5.300,00.
Ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, Wilson também contratou um pastor da igreja, Milton, para trabalhar no seu gabinete. Ele afirma que o religioso presta assessoria em Brasília e no Rio.
Procurado pela Folha, Wilson afirmou, inicialmente, que não havia nenhuma irregularidade na contratação da filha Renata. Disse que ela foi contratada no início de 1995. "Ela casou há um ano e acompanhou o marido à Venezuela. Ela fica indo e vindo."
Questionado se a filha passava períodos superiores a um ou dois meses no exterior, respondeu: "Mais, mais, até quatro meses".
A reportagem perguntou se o deputado havia se informado junto à direção da Câmara sobre a legalidade desse tipo de contratação. "Se houver alguma ilegalidade, eu demito na hora", afirmou.
Wilson telefonou para o diretor-geral da Câmara, Adelmar Sabino, na presença do repórter. Disse que a filha passava "longos períodos" na Venezuela. Após alguns segundos em silêncio, avisou: "Pois então eu estou enviando agora a demissão dela, doutor Sabino". Os outros dois filhos continuam contratados.
Ele afirmou que a filha que mora na Venezuela fazia trabalhos eventuais para o gabinete, nas áreas de pesquisa e redação.

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