São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 1997
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O professor e o futuro

ARNALDO NISKIER

O Brasil está no vértice de uma grande pirâmide de interesses econômicos ou culturais. O papa João Paulo 2º nos visitou e fez uma lúcida declaração a respeito do futuro do país, chamando a atenção de todos para a necessidade de um cuidado maior com a educação.
Depois, veio Henry Kissinger. Falando naquele misto de inglês e alemão, expressou-se em favor de um maior cuidado com a educação do terceiro milênio em nosso país, se quisermos uma posição de realce no concerto internacional.
Não foi outro o discurso do presidente Bill Clinton, após algumas curiosas mancadas da diplomacia dos EUA. Aqui, sob o calor dos trópicos, o presidente da maior nação do mundo (pelo menos, a mais rica) enfatizou a necessidade de adoção de procedimentos pedagógicos à altura do avanço científico e tecnológico, que coloca à disposição de professores e especialistas uma gama incrível de métodos e equipamentos revolucionários. Falou-se sobre intercâmbio de informações em tecnologia da educação, para integrar 6.000 escolas brasileiras via Internet.
E nós diante disso tudo? Meio perplexos, batemos palmas para o conceito de globalização adotado euforicamente pelas nações pós-industrializadas, do que dá para desconfiar. Mas tomamos nossas providências, com a determinação de que algo de muito importante está para acontecer. Refiro-me ao professor do futuro, base de toda mudança pretendida.
O Conselho Nacional de Educação aprovou diretrizes para o magistério que implicam novos planos e melhor remuneração, para acabar com a vergonha em que se constitui o pagamento dos mestres brasileiros, de modo geral.
Quem dorme tranquilo sabendo que há pagamentos de R$ 26 mensais em alguns Estados nordestinos? Isso não se constitui numa agressão aos direitos humanos?
Há sete diretrizes básicas para a carreira e a remuneração do magistério. A primeira garante que só haverá ingresso no serviço público por concurso. A progressão na carreira não se baseará só no tempo de serviço; será valorizado igualmente o mérito do professor. Cargo de direção será reservado a quem tenha no mínimo dois anos de experiência em sala de aula.
Será exigido estágio probatório, e a jornada de trabalho do docente deverá incluir de 20% a 25% de horas atendidas (horas semanais trabalhadas) em atividades ligadas à escola, como preparação de aulas, reuniões pedagógicas etc. O período semanal será de até 40 horas.
A remuneração dos docentes, ponto essencial da inovação, será definida numa escala cujo ponto médio terá como referência o custo médio do aluno/ano em cada sistema estadual ou municipal, quantia hoje em torno de R$ 315.
Com essas providências, de longo alcance, será possível manter a esperança de uma autêntica revolução pela qualidade na educação, alvo de preocupações internas e externas que só fazem realçar sua importância para o país.

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