São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 1997
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Reação da celulose ainda não puxa Aracruz

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Embora muito se fale da recuperação dos preços internacionais da celulose, os analistas ainda estão muito cautelosos quando tratam dos papéis da Aracruz, líder brasileira do setor e a maior do mundo em celulose de eucalipto.
A maioria das recomendações elaboradas pelos bancos de investimento é para manter as ações em carteira.
Ou seja, não é hora de comprar, mas também não se deve vender. Todos esperam uma alta mais consistente dos preços da celulose apenas a partir de 98.
"A ação já embute a alta do preço da celulose ocorrida até o momento. E trabalhamos com perspectiva de queda do preço do produto nos próximos seis meses", avalia Thomas Mello Souza, analista da Merrill Lynch.
Para Vasco Barcellos, analista do Banco FonteCindam, a ação está até acima do seu 'preço justo', levando-se em conta o preço atual da celulose.
Depois de chegar a cerca de US$ 400 por tonelada no auge da depressão em 1996, a celulose hoje está custando cerca de US$ 580.
Ainda assim, o preço está abaixo da média histórica que, segundo Barcellos, é de US$ 650 a tonelada.
A seu favor, a Aracruz tem um dos custos de produção mais baixos do mundo no setor, em torno de US$ 300 por tonelada.
"Isso é negativo porque hoje a empresa está totalmente exposta ao preço de uma commodity", diz Rony Stefano, analista do Deutsche Morgan Grenfell.
A empresa já está dando os primeiros passos, embora tímidos, para sair dessa superexposição ao preço extremamente volátil da celulose. Está construindo uma serraria em associação com uma empresa norte-americana.
Alguns analistas acreditam que outras ações do setor podem dar mais alegrias ao investidor, pelo menos em um prazo mais curto.
"O valor de mercado da Aracruz representa hoje 137% do seu patrimônio líquido, enquanto Suzano tem um índice de 46% e Votorantim, 62%", diz Souza.
"As ações da Aracruz sempre foram negociadas com ágio sobre as demais", discorda o analista do Banco Patrimônio, Pedro Martins.
O Patrimônio, associado ao Salomon Brothers, é uma exceção: aconselha a compra de Aracruz.
O banco estima que nos próximos três anos a oferta de celulose crescerá menos que a demanda, o que levará a um novo pico de preços no ano 2000.
"Acredito que em 99 os investidores estarão pagando R$ 3,10 por ação da Aracruz", prevê Martins.
Na última sexta-feira, Aracruz PNB fechou a R$ 2,28 na Bovespa.

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