São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 1997
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Corinthians tem reservas para resistir ao pior

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Foi um primeiro tempo assombroso, sobretudo para um time que vive entre o medo do descenso e o susto da emboscada dos Gaviões na subida da serra. Mas o fato é que o Corinthians, sábado, partiu com tudo pra cima do Cruzeiro, em pleno Mineirão, e poderia ter perpetrado ali uma goleada histórica, não fosse aquele duende malicioso que se empoleirou na trave à direita das cabines de TV e fechou o gol para as duas equipes, uma em cada tempo.
Sim, porque o sortilégio foi tão equânime que, se o Corinthians desperdiçou uns dez gols no primeiro tempo, coube ao Cruzeiro fazê-lo no segundo. Ainda bem, para os mineiros, que o gol solitário já havia saído antes.
Quer dizer, então, que não foi uma partida de futebol e sim um jogo de azar? Até certo ponto, sim. Mas é inegável que as chances desperdiçadas foram produzidas mais pela insegurança dos jogadores dos dois times, ambos na corda bamba, do que por obra da sorte. Assim como a virada de situação coube mais ao acerto do técnico Nelsinho, do Cruzeiro, nas mudanças do intervalo, e aos equívocos de Joel Santana nas substituições resultantes do que ao acaso.
Se a entrada de Nonato na lateral direita foi providencial para o Cruzeiro, a saída de Souza, que, pela primeira vez nos últimos tempos, estraçalhava no meio-campo, foi um desastre para o Corinthians.
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Já o clássico Flamengo e Palmeiras, à noite, foi curioso: embora disputado em alta velocidade, poucas vezes os ataques chegaram às metas adversárias. E o 0 a 0 caiu como um alívio, principalmente para o Palmeiras, que busca um equilíbrio interior, mais do que o tático.
Este, aliás, parece ter sido alcançado com a rapidez de Euller ao lado de Oséas, lá na frente. Isso, porém, não se sabe por quanto tempo.
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Vi ontem o clássico italiano Fiorentina e Roma, que justifica plenamente o atual estágio do futebol italiano, em busca de classificação à Copa do Mundo na repescagem.
Apesar da legião de estrangeiros presentes -brasileiros e argentinos em penca-, é chutão pra cá, chutão pra lá. Desse jeito, não se vai a lugar nenhum. Muito menos à Copa.
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No papel, o time era uma esperança; na prática, uma decepção. Teve chances de ouro desperdiçadas, é verdade, mas longe de apresentar um futebol coletivo compatível com as individualidades em campo.
E, se Márcio Santos deu sinais positivos atrás, enquanto Silas acanhava-se pelo meio, e Dodô seguia a sina do estio na frente, pelo menos, o menino Alexandre acena com um resto de esperança ainda.

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