São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 1997
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Vice estuda aumento para funcionalismo

ESTANISLAU MARIA

ESTANISLAU MARIA; SHIRLEY EMERICK
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Reajuste não ocorre há 3 anos; segundo secretário da Fazenda, gastos com pessoal já ultrapassam 60%

O governador interino do Pará, Hélio Gueiros Jr. (PFL), anunciou anteontem à noite que estuda a concessão de reajuste salarial ao funcionalismo público.
Essa medida contraria a política salarial do titular, Almir Gabriel (PSDB), que demitiu funcionários e não deu reajuste nos três anos de governo, para adaptar o Estado à Lei Camata, que limita o gasto com salários em 60% do orçamento.
Gabriel se recupera, em São Paulo, de cirurgia vascular. O vice assumiu na sexta-feira.
Segundo o secretário-adjunto da Fazenda, Idalécio Moreira, nomeado por Gueiros Jr., a folha atual já compromete a receita do Estado em 62%.
Caso o governador interino aumente os gastos, o governo federal deve suspender acordo de refinanciamento da dívida do Estado.
A União e o governo estadual assinaram protocolo em outubro de 96 para refinanciar dívida, que já ultrapassa R$ 900 milhões.
No documento, o Estado se compromete a reduzir suas despesas com pessoal para produzir superávit e cumprir a Lei Camata.
Gueiros Jr. pretende abastecer o caixa com um aumento na arrecadação de impostos que, segundo ele, está "horrível", pois os fiscais ficam nos gabinetes. "Toda a fiscalização vai trabalhar na rua."
Segundo a Secretaria da Fazenda, dos 400 fiscais, há 100 nos gabinetes e, desses, apenas 75 podem ser deslocados.
Gueiros Jr., que já demitiu cinco secretários de Estado de Gabriel, disse ainda que vai tirar o pelotão da Polícia Militar de Serra Pelada.
"É mais um ato para a Vale ver que o Pará tem governo. Não vou subsidiar polícia para ninguém. Ela (a Vale) que banque sua segurança", afirmou ele.
Desde o ano passado, quando garimpeiros interditaram 13 sondas de prospecção mineral, um grupo de 54 policiais militares é mantido no garimpo de Serra Pelada, em Curionópolis (630 km ao sul de Belém), onde existe a vila do projeto Ouro Serra Leste, da Vale.
A Agência Folha apurou que hoje não há mais tensão com a Vale, mas a polícia registra semanalmente roubos, tráfico de maconha e, sobretudo, lesões corporais em brigas entre moradores.
O presidente do PFL do Pará, Hélio Gueiros, pai do governador, fez ontem uma visita de apoio ao filho. "Não houve medida drástica. Dou total apoio e acho que não há nada fora do comum para ser apaziguado", disse o pai.
Ex-governador, Gueiros disse que vai disputar as eleições de 98, mas não falou qual cargo nem em que coligação. "Sou candidato a qualquer candidatura. Se o povo quiser, eu volto."

Colaborou Shirley Emerick, da Sucursal de Brasília

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