São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 1997
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Montadoras geram déficit de US$ 775 mi

ISABEL VERSIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo calcula que as montadoras de veículos farão importações superiores às exportações em US$ 774,8 milhões neste ano. O valor é 81,9% superior ao saldo negativo de US$ 425,9 milhões registrado no ano passado.
Os números foram divulgados ontem pelo ministro da Indústria, Comércio e Turismo, Francisco Dornelles. Até o final deste ano, as montadoras terão importado US$ 1,107 bilhão e exportado US$ 699,4 milhões.
O ministro disse que "gostaria que as exportações do setor tivessem sido maiores", mas argumentou que o déficit da balança será compensado pelo fluxo de investimentos das empresas no período.
Uma auditoria promovida pelo MICT (Ministério da Indústria e Comércio) nas montadoras que aderiram ao regime automotivo mostrou que, de março do ano passado a dezembro deste ano, as empresas terão investido US$ 6,336 bilhões no país.
O valor é superior ao déficit comercial do setor no período, que foi de US$ 528,8 milhões.
Dornelles afirmou que a auditoria comprovou que todas as montadoras que apresentaram os seus relatórios ao governo estão funcionando dentro das regras do regime. A Ford, entretanto, ficou fora desse levantamento inicial.
Há cerca de um mês, o MICT percebeu que a empresa não estava computando no balanço das importações feitas dentro do regime automotivo compras intermediadas pela empresa Cotia Trading.
O governo então mandou que a empresa refizesse o seu balanço incluindo esses dados. O relatório, segundo informou Dornelles, será apresentado até o final deste mês.
Regime
Dentro das regras do regime automotivo, que concede bônus de importação com tarifa reduzida às empresas que exportam ou compram bens de capital nacionais, as montadoras tiveram um superávit de US$ 494,7 milhões.
As únicas empresas que registraram déficit dentro desse sistema foram a Chrysler, a Honda, a Renault e a General Motors.
As três primeiras, por serem investidores novos no país, têm direito a um prazo maior -de três anos- para cumprir as relações exigidas pelo regime.
A GM não se enquadra nessa categoria. Durante o ano, descontados todos os bônus a que teve direito, a empresa ainda importou US$ 9,2 milhões a mais do que exportou.
Como o valor é inferior a 10% das exportações totais da empresa -que foram de US$ 1,098 bilhão-, pelas regras do regime a GM poderá compensar essa diferença no ano que vem e não ficará, portanto, sujeita ao pagamento de multas agora.

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