São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mudança no Orçamento divide deputados

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Alteração feita pelo governador Mário Covas (PSDB) no Orçamento de São Paulo para 1998 está causando polêmica na Assembléia Legislativa paulista. O novo Orçamento separa por secretarias verbas destinadas ao pagamento de inativos e de aposentados.
Até o ano passado, essas verbas eram incluídas no item "Administração Geral do Estado". A oposição acusa o governo de "inchar" o Orçamento de secretarias sociais com essa alteração. A verba para inativos é de R$ 3,2 bilhões.
"O Orçamento de 97 é uma ficção", diz o deputado José Baccarin, líder do PT na Assembléia. Por causa da alteração, segundo ele, a "primeira impressão" é a de que houve aumento considerável nas dotações de setores sociais.
Descontados os R$ 3,2 bilhões para inativos e aposentados, segundo o PT, muitas das secretarias sociais passam a ter variação orçamentária negativa. É o caso das Secretarias da Justiça e Defesa da Cidadania e a da Segurança Pública.
No primeiro caso, a variação negativa passa a ser de 1,8%. A Segurança Pública terá 6,1% a menos. Para o PT, também há problemas na verba destinada à educação.
Segundo Baccarin, o Orçamento inclui como verba dessa secretaria o chamado "Fundão da Educação" -parcela do ICMS repassado para os municípios. Só esse valor, diz o deputado, representa R$ 620 milhões. Excluído esse valor, o crescimento orçamentário da secretaria cai de 18,9% para 1,7%.
Para o PT, as únicas secretarias sociais com crescimento real de dotação são as da Criança, Família e Bem Estar Social (14,6%, descontando a inflação) e a da Administração Penitenciária (58,5%, sem a inflação). No caso da Secretaria da Saúde, segundo o PT, houve diminuição de 0,4% entre 97 e 98. No ano passado, o Orçamento de São Paulo foi de R$ 34,9 bilhões -o de 98 deve ficar em R$ 36,1 bilhões.
Para o PT, os investimentos de Covas para 98 se concentrarão em áreas de infra-estrutura viária e no transporte urbano de passageiros. A Secretaria dos Transportes receberá R$ 355,5 milhões a mais -a de transportes Metropolitanos receberá R$ 450,3 milhões a mais.
Transparência
A liderança do governo na Assembléia reconhece que os números do PT estão corretos. Mas diz haver falhas na interpretação dada aos números pelos petistas. Para a liderança, há um crescimento efetivo de 6,2% nos investimentos na área social entre 97 e 98.
"Mesmo tirando os inativos, haverá resultado positivo nos recursos sociais", diz Vanderlei Macris (PSDB), líder do governo. Para ele, há equívoco na interpretação sobre o "Fundão da Educação". A separação de inativos, diz, dará "transparência" ao Orçamento.

Texto Anterior: Juiz considera improcedente ação para anular venda de "O Dia"
Próximo Texto: Governista refuta CPI sobre a CDHU
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.